Com os últimos fatos do mundo político no Brasil, a verdade precisa ser dita em contrário às teses de Joseph Goebbels, principalmente a de que a mentira repetida mil vezes se torna uma espécie de verdade absoluta. Apesar de que Hitler conseguiu governar a Alemanha por mais de uma década, e de também ter convencido o próprio povo alemão da grandeza de seus desígnios como povo superior aos demais existentes na face da terra, o seu projeto mentiroso não passou dos anos em que foi o líder doente mental, autoritário, prepotente e carniceiro. Ou seja, a mentira repetida mil vezes um dia ela acaba sendo revelada, colocando seu inventor em situação constrangedora, e tendo que ser julgado pelos seus resultados práticos pela própria história.
É evidente que não estamos no Brasil vivendo um projeto parecido com o projeto dos nazistas, mas que estamos do mesmo modo vivendo sob o signo da mentira que se repete mil vezes, isso ninguém em sã consciência, e que conhece o mínimo do mínimo de propaganda política, pelo menos conceitos elementares do Jean-Marie Domenach (que nada tem a haver com Goebbels), jamais vai ser contrário a tal afirmativa. Estamos falando da guerra política imprimida pela direita brasileira contra o projeto político da esquerda, que esteve na coordenação do Estado durante mais de uma década.
Se a mentira não está sendo repetida mil vezes como alguns especialistas da mídia do Jornalismo da Obediência têm afirmado, pelo menos o conceito de criação do "inimigo único" está em pleno vigor. Mas não está funcionando exatamente como querem os mentores da idéia de Estado Mínimo, e de menos privilégios para o povo. Exatamente porque a cada vez que apresentam, como se fosse teoria literária de George Orwell, um fenômeno "pós-verdade" contra o principal representante das correntes do pensamento político da esquerda brasileira, e quiçá latino-americana, Luís Inácio Lula da Silva, e não provam nada contra o mesmo, o projeto político da esquerda que foi assaltado sem as urnas, na própria pessoa do Lula cresce em pesquisas de opinião sobre as eleições de 2018.
A mentira repetida mil vezes está se tornando uma verdadeira catástrofe, do mesmo modo que o projeto do Fuhrer de mil anos, que teve que se contentar com os resultados pífios de seu governo de expansão de apenas 12 anos. O grande problema brasileiro é que com a decadência moral e estatística do projeto que repete mil vezes a mentira, é que está criando aos poucos exatamente um representante de projeto político, parecido com o projeto da Alemanha dos anos trinta e quarenta. Em vez de conseguir imprimir no imaginário brasileiro a idéia de um projeto melhor do que aquele que foi representado na figura de Lula está se criando também a figura da solução imaginária de Bolsonaro. O que é muito mais perigoso para o país como nação soberana do que inclusive o projeto da direita tradicional.
Corruptos por natureza, desde sempre utilizaram até mesmo o discurso de combate à corrupção, mas não conseguiram fazer com que a maioria dos brasileiros assimilasse o conceito único de Lula como o grande chefe da corrupção no Brasil, exatamente porque falam, esbravejam, inventam mentiras repetidas mil vezes, mas não conseguem provar nada contra Lula (se provassem o homem já estava preso!). E assim, aos poucos até mesmo quem não gosta do PT e de Lula começa a sentir saudades da verdade, e repudiar em números a idéia de ser governado pela mentira, pela corrupção, pela suprema necessidade de governo apenas para poucos iluminados do mundo econômico.
Em face disso tudo, o que se constrói aos poucos como cenário para 2018 é a disputa dos dois pólos extremos do mundo político: a esquerda representada por Lula, e a direita representada nada mais nada menos do que por Jair Bolsonaro, e não mais por um representante do consórcio PSDB/PMDB/DEM. E a esquerda mais uma vez despontando como solução para acabar com a crise política e econômica, que provada está de que não foi Dilma Rousseff que a criou, pois ela é resultado do contexto prático da própria idéia da mentira repetida mil vezes, e do capital especulativo em detrimento do capital produtivo.
A mentira repetida mil vezes e não se concretizando em pequeno espaço de tempo pode criar outras sombrias mentiras, capazes de não entender que a diversidade existe, e que ninguém vai mudar essa natureza das coisas em si. No mais das coisas, gostando ou não gostando de Lula, ele representa ideologicamente um projeto mil vezes melhor do que o projeto que quer apresentar para a sociedade brasileira o deputado federal Jair Bolsonaro, porque o consórcio PSDB/PMDB/DEM ainda não conseguiu, e parece que não vai conseguir até 2018 um adversário que enfrente tanto Lula, quanto o próprio representante da idéia de extrema-direita no Brasil. É aceitar a idéia de Lula ou aceitar a idéia que está entrando em moda no mundo todo a partir da vitória de Donald Trump nos EUA. Os números não mentem!
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