O deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou em entrevista que pretende renegociar seu acordo de delação premiada com a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, após ter colaboração rejeitada por Rodrigo Janot. O ex-presidente da Câmara acusou o ex-PGR de não ter boa-fé na negociação. "Nunca acreditei que minha delação daria certo com o Janot. Tanto que não deu", afirmou ele, à revista Época.
"Estou pronto para revelar tudo o que sei, com provas, datas, fatos, testemunhas, indicações de meios para corroborar o que posso dizer. Assinei um acordo de confidencialidade com a Procuradoria-Geral da República, de negociação de colaboração, que ainda está válido. Estou disposto a conversar com a nova procuradora-geral. Tenho histórias quilométricas para contar, desde que haja boa-fé na negociação", disse.
Cunha afirma que Janot teria tentado prejudicar Temer. "Janot queria que eu colocasse mentiras na delação para derrubar o Michel Temer. Se vão derrubar ou não o Michel Temer, se ele fez algo de errado ou não, é uma outra história. Mas não vão me usar para confirmar algo que não fiz, para atender aos interesses políticos do Janot. Ele operou politicamente esse processo de delações", afirmou. "O Janot tem ódio de mim. Mas o ódio dele pelo Michel Temer passou a ser maior do que a mim. Então, se eu conseguisse derrubar o Michel Temer, ele aceitava. Mas eu não aceitei mentir. E ele preferiu usar o Lúcio Funaro de cavalo", disse.
Na entrevista, o ex-presidente da Câmara nega ter recebido pagamentos do emrpesário Joesley Batista, da JBF, e critica o juiz federal Sergio Moro, responsável pela primeira instância da Operação Lava Jato em Curitiba. "Nós temos um juiz que se acha salvador da pátria. Ele quis montar uma operação Mãos Limpas no Brasil – uma operação com objetivo político. Queria destruir o establishment, a elite política. E conseguiu", afirmou.
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