O governo federal decidiu jogar duro contra os disseminadores de mentiras e desinformações sobre a tragédia no Rio Grande do Sul.
Isso porque as fake news vêm dificultando as ações de resgate e começam a se avolumar os casos de pessoas que, apesar da condição de vítimas da tragédia, hostilizam as equipes de socorro no momento do salvamento.
Por conta disso, o governo federal intensificou o trabalho da sala de situação, criada na terça-feira, para a análise das mentiras que vêm circulando. Em outra frente, o advogado-geral da União Jorge Messias reuniu-se, ontem, com os administradores das redes sociais a fim de que as plataformas se engajem no esforço contra a disseminação de mentiras. Integrantes do Poder Executivo perceberam uma ação coordenada na divulgação de fake news, a fim de desgastar o governo federal e dificultar as ações de salvamento e reconstrução.
O governo vem monitorando influenciadores e políticos que disseminam conteúdos falsos. Um deles é Pablo Marçal, contra o qual a Advocacia-Geral da União (AGU) moveu ação judicial com pedido de resposta na rede que administra em razão de postagens com informações falsas sobre a atuação das Forças Armadas no auxílio à população gaúcha.
Uma das notícias falsas que circularam diz que a Marinha faz blitzes contra barcos usados para o resgate e envio de mantimentos e exige a habilitação dos pilotos. Outra mentira acusa os militares de estarem de braços cruzados, pois não haveria aeronaves para as operações de resgate.
Quem também atacou o oportunismo de políticos na disseminação de mentiras foi o comandante do Exército, general Tomás Paiva. "Essas postagens falsas são abomináveis e atrapalham o trabalho. As pessoas que disseminam fake news estão batendo em gente que está ajudando, que está salvando vidas. Muitos soldados que estão lá, trabalhando, foram diretamente afetados pela tragédia. Essas publicações são cruéis e antiéticas", criticou.
O alarme sobre a intensidade das mentiras soou para o governo depois que o general Hertz Pires do Nascimento, que comanda os esforços de resgate no Rio Grande do Sul, foi acusado nas redes sociais pela morte de crianças em hospitais gaúchos. Em reunião da sala de situação, no Palácio do Planalto, ele fez um apelo para que o Executivo tomasse providências. No mesmo dia, o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência Paulo Pimenta acionou a Polícia Federal (PF) e a AGU contra as fake news.
Múcio pediu a ajuda da imprensa profissional para combater e denunciar as mentiras. "Apelo aos senhores que façam também uma campanha para que essas pessoas saiam de suas trincheiras políticas e venham nos ajudar aqui fora. Ajudem o Rio Grande do Sul e, depois, retornem às suas batalhas políticas, porque este momento exige responsabilidade, fraternidade e amor ao próximo", exortou.
NOTA FENAJ- povo gaúcho precisa ter a garantia da comunicação como direito humano. Notícias e conteúdos criminosos na internet: mentiras e informações falsas violam a comunicação como direito humano do povo gaúcho
O Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SindJoRS), a Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ), a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) e a Federação de Jornalistas da América Latina e do Caribe (Fepalc) repudiam veementemente os atos criminosos que estão ocorrendo nesse grave momento, onde criminosos estão espalhando notícias falsas para a sociedade. Pessoas, famílias, comunidades e municípios gaúchos, em situação de extrema dificuldade para sobrevivência, são alvos de notícias e conteúdos criminosos, que propagam, velozmente e com alcance massivo, mentiras e informações falsas, que tumultuam a logística de salvamento público e voluntário. Está em curso, sem precedentes, a tentativa de fomentar rebelião do povo brasileiro em meio a maior crise climática no Brasil. Bigh techs, gestoras e responsáveis por plataformas digitais, e órgãos da justiça, com incumbência de interpelar tais violações, estão inoperantes, em meio ao drama pela vida do povo gaúcho.
Equipes de resgastes, que já ultrapassam todos os limites técnicos e humanos para salvar vidas, incluindo controle estratégico e operacional, deparam-se com obstáculos que extrapolam qualquer capacidade de gestão de segurança e operação pública. Já são incontáveis os apelos de agentes públicos e públicas, cidadãos e cidadãs com profundo engajamento em salvar vidas, para que pare a disseminação de fake news. O SindJoRS, em conjunto com a FENAJ, a FIJ e a Fepalc, tomará as medidas cabíveis e consequentes, na justiça brasileira, quanto à violação da comunicação como direito humano do povo gaúcho. O SindJoRS solicita apoio e solidariedade de entidades representativas de comunicação, no Brasil, para ampla campanha e ação legal contra a violação da comunicação como direito humano do povo gaúcho. É importante reforçar que mais do que nunca precisamos defender o jornalismo profissional comprometido com a verdade dos fatos.
Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SindJoRS)
Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ)
Federação Internacional de Jornalistas (FIJ)
Federação de Jornalistas da América Latina e do Caribe (Fepalc)
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