Durante a mobilização paredista dos policiais e bombeiros militares baianos no ano de 2001, vivemos na pele a falta de representantes políticos. Foi um momento muito importante para toda classe, porém muitos foram duramente punidos. Quando não demitia sumariamente, o comandante geral a serviço do governo destilava o seu ódio contra as praças, muitos foram transferidos para os lugares mais distantes do estado. Uma forma cruel e desumana de tratar quem simplesmente lutava pelos os seus direitos.
As últimas eleições para deputado estadual e federal um fenômeno claro: cada vez mais policiais são eleitos para as assembleias legislativas nos estados e para a Câmara Federal. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, iniciaram o mandato em 2015 cerca de 15 deputados estaduais e 40 estaduais são policiais, que de algum modo atuaram discutindo polícia e segurança pública. É um sinal claro de que há uma mobilização entre os integrantes da categoria visando defender seus interesses.
Durante o processo de elaboração da atual carta política do país e no período que antecedeu às suas primeiras emendas, em 1993, as Policias Militares e os Corpos de Bombeiros tiveram seus interesses seriamente ameaçados, o que deu origem ao início de movimentos em defesas dessas instituições. Nesse contexto surge varias associações em defesa dos policiais e bombeiros militares. Nessas ações ficou evidenciada a necessidade dessas instituições contarem com representações políticas nas casas legislativas de todos os níveis.
Com o passar do tempo, essa necessidade foi percebida pelos dirigentes das Associações representativas de classe dessas corporações, e absorvida também pelo espírito de cidadania dos policiais e bombeiros militares, que teve um grande impulso com o advento da Constituição atual. Levadas por esse sentimento, as Associações de policiais foram se articulando e criando entidades nacionais, na busca de criação de meios de pressão política na luta em defesa dos seus interesses.
Dessa forma, teve início um processo de politização desses profissionais e uma busca cada vez maior pela ocupação de espaços políticos nas esferas Municipal, Estadual e Nacional. Nas eleições realizadas ao longo desse tempo, policiais, do serviço ativo e da reserva, foram eleitos para os Cargos de Vereadores, Prefeitos, Deputados Estaduais e Federais, em todo país.
Em grande parte das policiais brasileiras há um sentimento de abandono entre os policiais em relação as suas necessidades trabalhistas. Às vezes faltam condições básicas e segurança para as realizações das missões.
Para entender que há uma luta de classes na polícia brasileira. Um exemplo bem simples: existe um grupo formado por pessoas do alto escalão das policias (oficiais e delegados) com o lobby muito bem articulado no congresso e que não tem o menor interesse nos avanços da segurança pública. Esse grupo necessita desse lobby para garantir a manutenção de poder dentro do sistema atual, visto que para superar as contradições apresentadas por esse modelo vigente, é necessário que se mude as estruturas de poder dentro das corporações.
Existe um abismo salarial entre os cargos ocupados pelos oficiais e os ocupados pelas praças. Isso se dar pela ausência de um plano de carreira para as Praças, por isso defendemos a carreira única. Que o ingresso na corporação seja através do posto de soldado e ao longo do tempo sendo promovido ao último posto, que é o de coronel, habilitado para comandar a corporação.
Por fim, somente através da representação politica, com escolhas bem definidas dos seus representantes, com discussões e organização politica, os policiais e bombeiros militares, assim como outras classes sociais e profissionais terão vez e voz nas decisões das politicas públicas.
Enio Silva da Costa
Sgt BM e Diretor da ASPRA/Juazeiro
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