Nos tempos nebulosos do Brasil da atualidade, a linguagem da seriedade e integridade nas negociações tristemente foi substituída por práticas pouco ortodoxas de gestão, e o sentimento espúrio do “toma lá, dá cá” parece ter se tornado regra imperativa nos contratos das obras públicas, com estabelecimento até mesmo de comissões percentuais sobre os valores liberados, como era praticado pelo Sérgio Cabral quando governador do Rio de Janeiro.
Naturalmente que toda essa sujeira predominante, inicialmente se configurava no apoio financeiro para as campanhas eleitorais com recursos oficialmente reconhecidos e legalizados, mas cresceu tanto que o excedente recebeu o apelido de CAIXA 2. E aí o volume de dinheiro foi tão expressivo que deixou de ter uma finalidade apenas eleitoral para ter um objetivo de duplo sentido, ou seja, promover, também, o enriquecimento ilícito pessoal de toda uma quadrilha envolvida, desde o cabeça principal, os seus familiares, assessores e até os chamados “mulas” que se encarregam de transportar as malas com milhões de reais! No início, ainda primários nesse tipo de crime, usavam até a cueca para transportar o dinheiro. Hoje, além das malas, o “propinoduto” já abre várias contas nos paraísos fiscais através da importante figura do “doleiro”. Nesse particular, e para provar a tese de que “baiano não nasce, estreia”, aqui a corrupção foi mais criativa e avançou no tempo ao escolher colocar milhões de reais e dólares numa sala de apartamento, cujo uso era especificamente para esconder Dona Dinheirama! Tem exemplo de crime com maior sofisticação do que esse?..