O combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya, conta agora com o apoio de movimentos sociais e fiéis das religiões de matriz africana, espíritas, católicos e evangélicos, que estão colocando a fé e o trabalho coletivo e individual a favor da saúde dos baianos. Atendendo à convocação do governador Rui Costa, lideranças religiosas e representantes dos movimentos se reuniram na manhã desta quarta-feira (24), no auditório da Secretaria de Infraestrutura do Estado (Seinfra), e conheceram as ações que podem ser desenvolvidas em suas comunidades para evitar a proliferação do inseto.
O evento contou com apresentações dos secretários estaduais da Saúde, Fábio Vilas Boas, e da Comunicação, André Curvelo, sobre as formas de disseminação do mosquito, as doenças, as maneiras de se combater e prevenir e também de acionar o Estado. Na ocasião, Rui ressaltou a importância do envolvimento de cada cidadão na mobilização e no combate ao mosquito. "Cada entidade tem boletins, páginas nas redes sociais, carros de som, e eu acho que nós temos que nos engajar nisso. Se nós queremos preservar a vida e a saúde dos nossos fiéis, trabalhadores, moradores, temos que participar desse mutirão".
O governador lembrou que o mosquito não se desloca mais de 200 metros do local onde nasceu e que 80% das pessoas que contraíram uma das três doenças foram contaminadas em sua própria residência. "A contaminação vai vir da nossa casa ou da do vizinho. Então, cada um de nós tem que ter a tarefa de atuar no combate e na prevenção. O mosquito precisa de água limpa e calor para se reproduzir, portanto, o convite aqui é para que cada um, no seu segmento, na sua base social, entre na campanha".
De acordo com Rui, o Estado está investindo em novas tecnologias para combater o Aedes, como a biofábrica Moscamed, em Juazeiro, que produz mosquitos modificados geneticamente e que, ao se reproduzirem, formam gerações estéreis. "Nós já estamos fazendo testes com mosquitos em Jacobina e Juazeiro, com resultados positivos. Nos lugares onde eles foram soltos, a população de mosquito reduziu em até 80%. Agora estamos procurando apoio do governo federal para produzir este mosquito em larga escala e distribuí-lo pelos lugares onde há os principais focos".
Aprovação e mobilização
A líder religiosa do candomblé Makota Valdina afirmou que essa convocação por segmentos é fundamental para o sucesso da iniciativa. “Nós somos negros, temos características próprias, somos diversos. Não viemos somente de um lugar, mas de várias culturas, então temos normas, tradições diferenciadas. Eu acho que a gente pode, por meio da Sepromi [Secretaria de Promoção da Igualdade], trabalhar por bairro, por região, colaborando com essa campanha. A mensagem é que água para nós é vida, temos que cultivar a água viva, e não a água que cria mosquito para matar”.
O pastor Luís Fernando Ferreira disse que é um momento em que todos estão de braços dados por um objetivo. “A Igreja Adventista do Sétimo Dia, com seus 2,4 mil templos e 180 mil membros, está usando as redes sociais, todos os eventos, para divulgar o combate ao mosquito. Essa convocação do governador Rui Costa é muito boa porque já tínhamos a iniciativa própria e, com a parceria com o Governo, teremos mais material e ferramentas para levar aos nossos membros, que vão levar a campanha para as comunidades”.
Representante do Sindicato dos Agentes Comunitários (Sindacs), Aldenílson Rangel aprovou a mobilização e ressaltou a importância dos agentes comunitários de saúde na ação em toda a Bahia, pedindo a valorização da profissão. “Essa mobilização é muito importante. Nós já estamos mobilizados e nos reunindo com diversos outros órgãos para fazer uma campanha em todo o estado”. O padre José Carlos Silva disse que o Aedes é um problema que afeta a todos, independente do segmento. “É preciso que todos se juntem para combater o mosquito e tomem consciência, procurando, na própria casa, os focos do Aedes aegypti. É preciso que cada um pense não apenas em si, mas também na vida do outro, que é muito importante".