Tabu durante muito tempo no jornalismo, o suicídio está, aos poucos, deixando de sê-lo. Num passado não muito distante, era relativamente comum “mascarar” os obituários das pessoas que tiravam a própria vida, usando eufemismos como morte inesperada, por exemplo. Nos últimos dez anos, contudo, isso vem mudando, até porque os problemas de saúde mental, não mais estigmatizados, são discutidos abertamente, algo que foi grandemente impulsionado pela pandemia de covid-19, que escancarou as mazelas trazidas pelo isolamento, como a depressão, distúrbio que conheceu um grande crescimento no período.
“O que está se percebendo é que aparece mais a possibilidade de os jornais, quando noticiam a morte de alguém por suicídio, dizer que foi um suicídio”, diz o professor Carlos Eduardo Lins da Silva. Ele observa, porém, que ainda existem alguns cuidados a serem mantidos, como o de não divulgar a maneira como se deu a morte do indivíduo, na tentativa de evitar o que se chama de “contágio de suicídio”, que poderia levar a comportamentos semelhantes, sobretudo em pessoas com problemas mentais, da mesma forma que, pelo mesmo motivo, também se evita a “glorificação do suicida”...