O crime se torna entretenimento: como o true crime transformou assassinos em estrelas
Nos últimos anos, o gênero true crime, que em tradução literal significa “crime real”, tem dominado plataformas de streaming, redes sociais e até mesmo debates culturais. Séries como Dahmer: Um Canibal Americano (2022) e Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal (2019) conquistaram milhões de espectadores e geraram discussões acaloradas. Contudo, o crescimento desse conteúdo levanta uma questão preocupante: estamos transformandotragédias reais em entretenimento lucrativo? Esse consumo desenfreado não apenas explora ador alheia, mas também corre o risco de inverter valores morais, glorificando criminosos enquanto ignora ou desvaloriza as vítimas.
O estudo publicado pela Civic Science, em 2019, revela que o público majoritário desses conteúdos são mulheres. Os dados divulgados pelo Spotify corroboram essa tese ao mostrar que 70% do público que consome podcasts de true crime são do gênero feminino. Enquanto em plataformas como TikTok e YouTube, vídeos do tema acumulam bilhões de visualizações, liderados por criadores de conteúdo e canais especializados no assunto, serviços de streaming como Netflix, Max e Globoplay continuam investindo pesado no gênero, dada sua comprovada capacidade de atrair audiência massiva...