Irrigantes do semiárido baiano começam 2017 com expectativa positiva

Os projetos públicos de irrigação Salitre e Maniçoba, ambos implantados e geridos pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) no semiárido da Bahia, entram em 2017 com boas novas e expectativa positiva. Enquanto o Salitre comemora produtividades acima da média nacional em pelo menos oito diferentes cultivos, os agricultores do Maniçoba esperam poder investir neste ano até R$ 2,5 milhões com recursos próprios na ampliação e melhoria da infraestrutura da área de 8,5 mil hectares irrigáveis que reúne 621 lotes agrícolas.

As informações foram passadas para a presidente da Codevasf, Kênia Marcelino, que nesta terça-feira (03) visitou os projetos na zona rural de Juazeiro, conversou com os irrigantes e percorreu lotes para conhecer a produção. O superintendente regional da Companhia em Juazeiro (BA), Misael Aguilar, e técnicos da empresa também participaram da vista.

No Salitre, cuja a produção agrícola total em 2016 ficou acima de 60 mil toneladas e o valor bruto em aproximadamente R$ 45 milhões, a novidade foi o bom resultado da goiaba: cultura estreante no projeto, ela alcançou produtividade de 28 toneladas por hectare, quando a média nacional, de acordo com os irrigantes, fica em 19 toneladas.

Os outros cultivos de destaque no projeto são o tomate (110 toneladas por hectare), a cebola (107 toneladas por hectare), a banana prata (48 toneladas por hectare), o mamão formosa (120 toneladas por hectare), a melancia (45 toneladas por hectare) e a abóbora (41 toneladas por hectare). O melão amarelo (65 toneladas por hectare) continua sendo o carro-chefe do Salitre: a fruta é conhecida por seu sabor diferenciado, atribuído ao tipo de solo da região do Vale do rio Salitre.

Já no projeto Maniçoba a organização exemplar dos agricultores faz com que o distrito de irrigação seja apontado como um modelo de gestão, e a autonomia financeira alcançada pelos irrigantes tem permitido investimentos com recursos próprios cada vez maiores: para 2017, eles esperam aplicar até R$ 2,5 milhões para modernizar canais de irrigação, reservatórios e acessos, entre outras estruturas.

"Eu defendo a gestão participativa. Com ela, nós temos melhores condições de ajudar vocês, e vocês de ajudarem a vocês mesmos", elogiou a presidente da Codevasf durante a conversa com os irrigantes do Maniçoba.

O gerente-executivo do Distrito de Irrigação do Maniçoba, Valter Matias de Alencar, destacou que, em 2016, com recursos próprios do distrito, foram construídas 460 pontes de acesso a lotes e 100 reservatórios para sistema pressurizado de irrigação, além da aquisição de uma retroescavadeira e seis motocicletas.

Perfil dos projetos

O Salitre reúne atualmente 255 pequenos produtores, 28 médios empresários e uma empresa regional de grande porte instalados nos 5 mil hectares da primeira etapa do projeto. O perímetro gera cerca de seis mil empregos diretos e indiretos segundo as estimativas dos técnicos da Codevasf que atuam na área.

Já o Maniçoba possui cerca de 13 mil hectares irrigáveis e 6,2 mil hectares de área cultivada onde vivem e trabalham mais de 600 famílias instaladas em 238 lotes familiares e 80 empresariais. Os principais cultivos são manga, uva e cana-de-açúcar.

"Temos gerado milhares de empregos indiretos, propiciado a presença de um comércio local – com farmácias, mercadinhos, lojas de materiais de construção, bares, restaurantes e lanchonetes –, de postos de saúde e até o serviço alternativo de transporte, que todo dia traz muitos trabalhadores para cá", enumerou Alencar.

A visita ao Salitre e ao Maniçoba integrou a agenda de trabalho da presidente da Codevasf no Submédio São Francisco. Na segunda (02), na cidade vizinha de Petrolina (PE), ela já havia visitado os projetos públicos de irrigação Senador Nilo Coelho, área Maria Tereza, Pontal, a barragem de Sobradinho e o sistema de esgotamento do município.

Ascom/Codevasf