Tenho o hábito, por formação, de dedicar respeito às instituições constituídas, atitude que entendo deva ser uma qualidade inerente a cada cidadão. Naturalmente que a sociedade espera dessas mesmas instituições semelhante e digno exemplo, que possa representar parâmetro a ser por todos seguido. Logicamente que reconheço ser um tema extremamente delicado. Contudo, deixo claro ao leitor, que o alvo da crítica ou da presente análise não é o Senado Federal como segmento importante dentro da estrutura democrática e da instituição Poder Legislativo, que merece todo o nosso respeito, mas os seus integrantes que representam esse Poder, eleitos pelo voto popular para um mandato de oito longos anos, e assim, sujeitos à permanente avaliação pelos seus atos, sejam os praticados no desempenho da função parlamentar ou pelos eventuais desvios negativos de condutas.
Não estaria inventando coisa nenhuma para chegar a um título reconhecidamente chocante como esse, que não fosse embasado no amplo noticiário negativo dos últimos dias, sempre exibindo aquela foto que mostra a abrupta chegada das viaturas ao Senado da República, em missão surpreendente e triste para a imagem da instituição. Uma vez que a missão dos agentes federais, enfileirados em seus carros negros, mais parecia o avanço policial aos Morros do tráfico de drogas nos grandes centros ou num paralelo mais simples, mas igualmente estarrecedor, como quando chegam os fiscais das Prefeituras nas Feiras Livres ou avenidas utilizadas por camelôs ilegais - pais de famílias na luta pela vida -, como mostra a ilustração, situação em que logo ecoa o grito angustiante de aviso aos companheiros: “LÁ VEM O RAPA!”.
Pelo menos alguns repórteres e comentaristas que cobrem o Congresso diariamente, deram conta de que houve uma inquietação geral nas dependências do Senado e da Câmara, visto que, sendo uma missão sigilosa como bem sabe fazer a Polícia Federal, cada parlamentar tratou de abandonar as sessões – logo encerradas pelos seus presidentes – e apressados corriam em direção aos seus gabinetes. Isso porque a prudência recomendava, aplicando um provérbio espanhol, que “quando você vir as barbas de seu vizinho pegar fogo, ponha as suas de molho”!
Desse triste episódio ficou evidente que a Polícia Legislativa do Senado extrapolou das suas atribuições restritas ao âmbito do Senado, para efetuar varredura externa visando detectar escutas telefônicas em residências e escritórios dos Senadores, isto com o objetivo de obstruir a ação da Lava-Jato que se aproxima com celeridade de alguns Senadores. A própria inquietação que tomou conta do Presidente do Senado, com o fim de restabelecer a discussão e a apressada votação da PEC destinada a estrangular os poderes dos Procuradores da República e Juízes Federais que estão empenhados em reconduzir este País ao rumo da moralidade e do respeito com a coisa pública, demonstra o açodamento em cercear essa ação. Aliás, que a crise gerada pela recessão econômica existe é um fato concreto, mas inquestionável é que o Brasil convive com uma enfermidade de maior gravidade e que não tem PEC ou Medida Provisória que cure: A CRISE ÉTICA e MORAL!
Embora tenha de reconhecer o natural direito do Presidente Renan em defender a integridade territorial do Senado que preside, ao exibir ao público e aos senhores Senadores esse poder, o fez com certo descontrole verbal, ao se referir ao Juiz que autorizou a ação da PF como “juizeco” e ao Ministro da Justiça como “chefete de Polícia”, o que demonstra está existindo um grande desequilíbrio nas relações entre os poderes. O que não se consegue entender é o fato da Presidente do STF se solidarizar com o juiz ofendido, em defesa de todo o Judiciário e ao mesmo tempo outro Ministro do Tribunal anula a decisão desse mesmo juiz...!
Na verdade, estamos diante de uma fragilidade estrutural de todo o sistema nacional, a recomendar que este país precisa ser, realmente, passado a limpo. Como e por quem é o grande impasse, pois não se vislumbra no cenário político nacional qualquer esperança positiva, mas sim “rabos de palha” temerosos de que qualquer centelha seja acesa a qualquer momento e queime todo o corpo. Diante disso, somente um bom e eficiente banho pela legítima e autêntica Lava-Jato para expurgar com mais rapidez essa sujeira impregnada que, infelizmente, tanto nos envergonha aqui e lá fora.
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).
11 comentários
30 de Oct / 2016 às 23h12
Pois é grande Agenor. Se o pobre trabalhador batalhador passa por esses constrangimentos então porque eles não podem ser cobrados e fiscalizados nos seus desmandos alguns durante a luz do dia e outros durante a escuridão da noite, todos, igualmente tirando de nós, e das demandas, que precisamos como educação melhor, mais saúde, infraestrutura e limpeza pública... Ou seja, tirando de quem trabalha para abastecer contas milionárias mundo a fora... !!! O bacana é que esse tipo de ação é exatamente no lugar certo e na hora exata, cuja margem de erro é quase zero. Artigo muito oportuno.
30 de Oct / 2016 às 23h13
Caro poeta e cronista: Não resta a menor (nem a maior) dúvida de que este país precisa urgentemente ser passado a limpo. Quem vai fazer isso (colocar o guizo no pescoço do gato) é que são elas - se são praticamente todos, ou quase, farinhas do mesmo saco ou farinhas de mesma cepa... Quando vai-se fazer isso, então, é pergunta que não vislumbra o menor indício de resposta... sequer dica ou indicação. Quem viver, verá... ou não. (Salvador-BA).
30 de Oct / 2016 às 23h17
Parabéns por mais essa verdadeira e bela página, Agenor. Continue falando o que você pensa, e ouve quem quiser ouvir. A verdade sempre dói em alguns. (Três Rios-RJ).
31 de Oct / 2016 às 03h34
Policia so para P......P.......P......e assim a Suiça vai enchedo de dinheiro??? A mulher de Cunhass PMDBs ta tranquila porque a Globosta e a Lava jato nao vai fazer nada?????????Acredito mais nos blog
31 de Oct / 2016 às 03h40
Tem varios Ministros de Brasilia do Temmer que a Odebrecht falou que deu dinheiro na Suiça, 23 milhoes p o Cerrrra, parece que nao vai dar em nada por que a Justiça so p ladrao de Galinha?????
31 de Oct / 2016 às 03h43
Ta faltando na Cadeia de Xilindro a mulher de Cunhas PMDBs, Jucas, Aecim, Serra$ P$DB( 23 milhoes na Suiça)
31 de Oct / 2016 às 07h50
A ligação que você efetuou entre os dois fatos, Agenor, a operação da polícia federal no senado para intervir em uma operação policial ilegal e a tentativa de obstruir a Lava Jato, demonstra o quanto estamos a mercê dos péssimos políticos brasileiros. Mas a culpa é nossa mesmo, por escolhermos mal os representantes . Mas o que me deixa esperançoso, lendo seu texto e associando ao resultado das eleições municipais encerradas ontem, é que o populismo está sendo definitivamente reconhecido como indevido pela maioria da população brasileira. Talvez uma nova era possa surgir. FOZ DO IGUAÇU-PR.
31 de Oct / 2016 às 08h00
Esse negócio de Rapa é em todo lugar. Trabalhador informal sofre.
31 de Oct / 2016 às 11h43
Mais uma vez, você demonstra com lhaneza o sentimento, ético e autêntico do povo que está ligado aos comandos dessas Instituições, cujos representantes, deverão dar lugar aos homens probos que deverão assumir, no futuro, as rédeas de nosso glorioso País. (MANAUS-AM).
31 de Oct / 2016 às 11h56
Muito bom! A crise ética e moral é a pior das crises, sr. Agenor. Se eu fosse uma pessoa pública neste momento, eu procuraria fazer outra coisa. Porque uma coisa é certa: política neste país virou sinônimo de corrupção. Péssimo pra nós que pagamos o salários desses desonestos, porque eles mesmos não se mostram preocupados com o que pensamos. O caminho é apoiar a LAVA-JATO e não recuar. Viva a LAVA-JATO! Queremos um país limpo! Queridos e queridas, "Lá vem o rapa!" Meu consolo é que enquanto eu durmo, vocês tremem!!!!!!!!!
31 de Oct / 2016 às 12h44
Gostei da abordagem. Bom dia e bom e persistente trabalho em prol do BRASIL e não dos políticos. RUSSAS (CE).