Parceria da 6ª superintendência regional da Codevasf com a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) poderá culminar com o desenvolvimento de uma tecnologia social de baixo custo e de fácil manejo destinada ao tratamento de água em comunidades rurais difusas. Trata-se de um coagulante a base de polímero natural que já é usado por instituições de cooperação internacional em países da África e da Ásia.
Os estudos e experimentos da Codevasf e Univasf começaram no ano passado no âmbito da coordenação, em Juazeiro, do programa federal de universalização do acesso a água em comunidades rurais difusas. “Decidi procurar a professora Sylvia Paes, do Colegiado do Curso de Engenharia Civil, e então unimos esforços no sentido de desenvolver um projeto de pesquisa a fim de aferir a eficiência do produto”, afirma Joselito Menezes, da Codevasf em Juazeiro.
Coube a Willian de Oliveira Santos, estudante do Curso de Engenharia Civil da Univasf, executar o projeto na forma de trabalho de conclusão de curso (TCC) sob o título “Avaliação de um polímero a base de PGA no tratamento de águas do Rio São Francisco”.
Depois do trabalho apresentado, o estudante – que já foi estagiário da 6ª superintendência regional da Codevasf em Juazeiro por meio de convênio com o Centro de Integração Empresa/Escola (CIEE) -, considerou a alternativa um fator positivo para o desenvolvimento de comunidades rurais. Segundo a banca examinadora, composta por professores da universidade e pelo técnico da Codevasf, Joselito Menezes, os resultados das pesquisas foram satisfatórios. No entanto, terminada a primeira fase de testes laboratoriais, viu-se a necessidade de implantação de um projeto piloto de utilização do coagulante em condições de campo, uma vez que ele foi testado e apresentou inúmeros benefícios, tais como baixa toxicidade, elevado rendimento, facilidade de manuseio, dispensa da correção do pH da água e instalação simples, entre outras.
Willian acredita que esse trabalho que foi desenvolvido em laboratório pode melhorar a qualidade de vida das comunidades rurais. “As expectativas em relação ao funcionamento de um abastecimento de água, tendo como principal produto o coagulante, são elevadas. É necessário que o sistema piloto seja montado para gerar a maior quantidade de informações técnicas possíveis”.
Ele ressalta ainda que 12 milhões de pessoas no Brasil consomem água fora do padrão de potabilidade, e o uso do coagulante é uma alternativa viável e pode ser a realidade do futuro. “Cabe investimento para que ele seja implantado e que mais pesquisas sejam desenvolvidas”, nota.
A engenheira civil Sylvia Paes, orientadora do estudante e professora adjunta da Univasf, também acredita na potencialidade do produto. “É importante que os estudos avancem em relação a este coagulante, e principalmente, que se desenvolva um sistema de abastecimento alternativo com a utilização do PGα21Ca, um produto que pode ser empregado com baixo custo e fácil operação, e que pode trazer muitos benefícios às comunidades que hoje não têm acesso à água de boa qualidade”.
“O coagulante é altamente eficiente, um produto de fácil utilização, que dispensa estruturas complexas para o tratamento de água na zona rural”, afirma o técnico Joselito Menezes, coorientador do estudante e supervisor do estagiário. “Os ensaios feitos constataram isso. Nossa intenção agora é viabilizar aos sistemas rurais uma tecnologia que possa ser manuseada pelos usuários das próprias comunidades com segurança e dentro dos padrões estabelecidos pelo Ministério da Saúde”, assinala.
A iniciativa resultante da parceria entre a Codevasf e a Univasf, na opinião do superintendente regional em Juazeiro, Misael Aguilar Neto, pode ser uma excelente alternativa, por exemplo, para o tratamento de água oriunda de barreiros, que estão presentes em comunidades atingidas pela seca e onde o método de acúmulo do líquido é bastante usado. Ele considera o projeto “de suma importância para a melhoria da qualidade de vida das populações sertanejas. “O sistema de tratamento da água é de baixo custo em comparação aos sistema convencional, e pode ser operado pela própria comunidade onde for instalado”.
Para o superintendente, “o importante agora é buscar parcerias, investimentos ou recursos para viabilizar um projeto piloto, que uma vez implantado, poderá resolver um grande problema das comunidades rurais sertanejas, que é a potabilidade da água para consumo humano”.
Síntese de bactérias
O principal princípio ativo do coagulante é o ácido poliglutâmico, polímero aniônico, solúvel em água, biodegradável, biocompatível, e não tóxico para humanos e para o meio ambiente.
O PGα21Ca, nome comercial do produto, é produzido a partir da síntese de bactérias do gênero Bacillus, e foi desenvolvido no Japão sendo recém chegado ao Brasil, com poucos relatos de utilização em nosso país. No mundo é utilizado em locais com extrema dificuldade de condições de tratamento de água. Ele é muito usado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) em países com comunidades consideradas abaixo da linha da pobreza, como a África e a Ásia.
O sistema simplificado de tratamento da água compreende três etapas, sendo a primeira a reservação do líquido em um local onde será adicionado e misturado o coagulante. A segunda inclui a filtração, e na terceira a adição de cloro. Segundo pesquisas já realizadas, o coagulante retira os sedimentos presentes na água, como argila e areia, reduzindo a sua turbidez.
Estudos mostram que 50 gramas do coagulante são suficientes para o tratamento de mil litros de água. Estimativas calculam que o preço aproximado para o tratamento desta quantidade do líquido é de R$ 1,00. O produto é vendido no mercado internacional em sacos de 20 quilos.
ASCOM
1 comentário
21 de Sep / 2016 às 10h35
Isso sim deve ser valorizado e visto com bons olhos pelas autoridades competente, onde se colocado em pratica ira culminar em benefícios para uma camada da população sofrida...