Parceria científica de Codevasf e Univasf deverá resultar em tecnologia para tratamento de água

19 de Sep / 2016 às 15h30 | Variadas

Parceria da 6ª superintendência regional da Codevasf com a Universidade Federal do Vale  do São Francisco (Univasf) poderá culminar com o desenvolvimento de uma tecnologia social  de baixo custo e de fácil manejo destinada ao tratamento de água em comunidades rurais  difusas. Trata-se de um coagulante a base de polímero natural que já é usado por  instituições de cooperação internacional em países da África e da Ásia.

Os estudos e experimentos da Codevasf e Univasf começaram no ano passado no âmbito da  coordenação, em Juazeiro, do programa federal de universalização do acesso a água em  comunidades rurais difusas. “Decidi procurar a professora Sylvia Paes, do Colegiado do  Curso de Engenharia Civil, e então unimos esforços no sentido de desenvolver um projeto  de pesquisa a fim de aferir a eficiência do produto”, afirma Joselito Menezes, da Codevasf em  Juazeiro.

Coube a Willian de Oliveira Santos, estudante do Curso de Engenharia Civil da Univasf,  executar o projeto na forma de trabalho de conclusão de curso (TCC) sob o título  “Avaliação de um polímero a base de PGA no tratamento de águas do Rio São Francisco”.

Depois do trabalho apresentado, o estudante – que já foi estagiário da 6ª  superintendência regional da Codevasf em Juazeiro por meio de convênio com o Centro de  Integração Empresa/Escola (CIEE) -, considerou a alternativa um fator positivo para o  desenvolvimento de comunidades rurais. Segundo a banca examinadora, composta por professores da universidade e pelo técnico da  Codevasf, Joselito Menezes, os resultados das pesquisas foram satisfatórios. No entanto,  terminada a primeira fase de testes laboratoriais, viu-se a necessidade de implantação de um projeto piloto de utilização do coagulante em condições de campo, uma vez que ele foi  testado e apresentou inúmeros benefícios, tais como baixa toxicidade, elevado rendimento,  facilidade de manuseio, dispensa da correção do pH da água e instalação simples, entre  outras.

Willian acredita que esse trabalho que foi desenvolvido em laboratório pode melhorar a  qualidade de vida das comunidades rurais. “As expectativas em relação ao funcionamento de  um abastecimento de água, tendo como principal produto o coagulante, são elevadas. É  necessário que o sistema piloto seja montado para gerar a maior quantidade de informações  técnicas possíveis”.

Ele ressalta ainda que 12 milhões de pessoas no Brasil consomem água fora do padrão de  potabilidade, e o uso do coagulante é uma alternativa viável e pode ser a realidade do  futuro. “Cabe investimento para que ele seja implantado e que mais pesquisas sejam  desenvolvidas”, nota.

A engenheira civil Sylvia Paes, orientadora do estudante e professora adjunta da Univasf,  também acredita na potencialidade do produto. “É importante que os estudos avancem em  relação a este coagulante, e principalmente, que se desenvolva um sistema de  abastecimento alternativo com a utilização do PGα21Ca, um produto que pode ser empregado  com baixo custo e fácil operação, e que pode trazer muitos benefícios às comunidades que hoje não têm acesso à água de boa qualidade”.

“O coagulante é altamente eficiente, um produto de fácil utilização, que dispensa  estruturas complexas para o tratamento de água na zona rural”, afirma o técnico Joselito  Menezes, coorientador do estudante e supervisor do estagiário. “Os ensaios feitos  constataram isso. Nossa intenção agora é viabilizar aos sistemas rurais uma tecnologia que possa ser manuseada pelos usuários das próprias comunidades com segurança e dentro  dos padrões  estabelecidos pelo Ministério da Saúde”, assinala.

A iniciativa resultante da parceria entre a Codevasf e a Univasf, na opinião do superintendente regional em Juazeiro, Misael Aguilar Neto, pode ser uma excelente alternativa, por exemplo, para o tratamento de água oriunda de barreiros, que estão presentes em comunidades atingidas pela seca e onde o método de acúmulo do líquido é bastante usado. Ele considera o projeto “de suma importância para a melhoria da qualidade de vida das populações sertanejas. “O sistema de tratamento da água é de baixo custo em comparação aos sistema convencional, e pode ser operado pela própria comunidade onde for  instalado”.

Para o superintendente, “o importante agora é buscar parcerias, investimentos ou recursos para viabilizar um projeto piloto, que uma vez implantado, poderá resolver um grande problema das comunidades rurais sertanejas, que é a potabilidade da água para consumo humano”.

Síntese de bactérias

O principal princípio ativo do coagulante é o ácido poliglutâmico, polímero aniônico, solúvel em água, biodegradável, biocompatível, e não tóxico para humanos e para o meio ambiente.

O PGα21Ca, nome comercial do produto, é produzido a partir da síntese de bactérias do gênero Bacillus, e foi desenvolvido no Japão sendo recém chegado ao Brasil, com poucos relatos de utilização em nosso país. No mundo é utilizado em locais com extrema dificuldade de condições de tratamento de água. Ele é muito usado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) em países com comunidades consideradas abaixo da linha da pobreza, como a África e a Ásia.

O sistema simplificado de tratamento da água compreende três etapas, sendo a primeira a reservação do líquido em um local onde será adicionado e misturado o coagulante. A segunda inclui a filtração, e na terceira a adição de cloro. Segundo pesquisas já realizadas, o coagulante retira os sedimentos presentes na água, como argila e areia, reduzindo a sua turbidez.

Estudos mostram que 50 gramas do coagulante são suficientes para o tratamento de mil litros de água. Estimativas calculam que o preço aproximado para o tratamento desta quantidade do líquido é de R$ 1,00. O produto é vendido no mercado internacional em sacos de 20 quilos.

 

ASCOM

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