O cenário nacional nos apresenta um caldeirão efervescente... e preocupante! Muitos e variados são os personagens que participam desse processo de ebulição da vida política nacional, com motivações de todos os níveis. De um lado os que estão no governo, sob a liderança insegura e claudicante da Presidente da República – que atualmente só sabe falar a palavra GOLPE -, cuja autenticidade só encontra amparo no fato de ter sido eleita pelo voto, mas que perdeu legitimidade por ter conduzido o país ao caos econômico e político. Só para ativar a memória dos esquecidos, o impeachment de Fernando Collor em 1992, comandado pelo PT nas ruas e no Congresso Nacional e que seguiu os mesmos ritos regimentais do atual processo, foi golpe? À época, tinha um Tesoureiro envolvido; hoje, já são dois... e presos!
É evidente que quem está desse lado, mordendo o osso, ainda que ele seja muito duro, não o quer largar porque do centro dele parece sair um “tutano” delicioso que tanto alimenta o ego pessoal como fortalece o patrimônio individual e a conta-corrente de muitos “companheiros”, o que os leva a lutar com todas as forças, meios e manobras para garantir o espaço conquistado. Não se pode negar que o partido majoritário tem um certo volume de ideias ou uma cartilha bem elaborada que mexeu com as emoções de muitos ao longo de alguns anos, mas que traiu a sua história. Uns militantes ainda permanecem fiéis e convictos, mas outros, decepcionados e frustrados, já desceram do barco, e agora estão buscando novas opções. É o que se classifica como: Situação.
Do outro lado, lutando tenazmente pelo osso, há outro segmento que procura ocupar os espaços nas trincheiras montadas para a batalha da derrubada. Mesmo identificando falha de percurso dos que exercem o poder atual, cujas razões para tirar tem complexas implicações jurídicas e constitucionais, o fato motivador fundamental está inspirado na tradição política e ideológica, historicamente contrária aos que mordem o osso atualmente, mas, na verdade, doidos para morder, também. Chama-se: Oposição. Na verdade, são todos ávidos pelo aroma inebriante do Poder! Digladiam-se nesse jogo, mas as regras entre os contendores nem sempre estão sintonizadas com os princípios da pureza, da ética e da honestidade.
Entre os dois lados citados - Situação e Oposição -, e atuando de forma mais indecente, encontram-se aqueles que representam o lado vergonhoso do Parlamento brasileiro. São os hábeis vendilhões do voto parlamentar, desprovidos de ideais, caráter ou sentimento de amor à pátria, e que são frequentadores ativos do “Leilão República”, na versão “Toma Lá, Dá Cá”, onde tanto se usa a moeda nacional vigente, como se negocia Ministérios, cargos do segundo e terceiro escalões, etc. Este grupamento de interesseiros já deve ter até diretoria constituída, pois a sua trajetória tem origem em priscas eras, desde “Mensalinhos e Mensalões” anteriores...!
Esta facção representa a escória dos partidos, sem qualquer compromisso moral ou fidelidade a princípios partidários, legítimos traíras do voto popular, e que se constituem no possível desequilíbrio do resultado final dos debates. Na presente crise institucional, são conhecidos como tais alguns deputados dos “Partidos Nanicos”, e um razoável número de deputados do PMDB, que bateu de testa com a cúpula que decidiu por se afastar da base partidária de apoio ao governo. A opção de ficar foi muito mais por um desmesurado apego ao Poder, visando manter os Ministérios (seis!), e os cargos que detinham. O comportamento cautelar e indeciso desses peemedebistas, valoriza o conceito contido na tradicional frase de que “é melhor um pombo na mão do que dois voando”. Triste episódio para a política nacional!
Recompor o governo é uma situação natural e contingencial, mas utilizar os cargos como balcão de negócios é uma prática vergonhosa e deplorável. Se necessário, serão feitas novas pedaladas. O que importa é conquistar o número de votos que garantirá a permanência no poder. Mas, isso não será problema, visto que o povo pagará a conta através dos ajustes fiscais! É o sujo aproveitamento da fraqueza moral dos políticos débeis de personalidade e convicções.
Ouvi e dei valor ao pronunciamento do Deputado Gonzaga Patriota (PSB), de Petrolina (PE), quando na Tribuna da Câmara dos Deputados exigiu eleições gerais já: “O povo brasileiro não aguenta mais Dilma, tampouco, Temer e nem parte dos políticos desta Casa, envolvidos em escândalos de toda forma. Vamos fazer aprovar um Instituto Constitucional, para eleições gerais no Brasil, no dia 02 de outubro, para que o povo brasileiro possa votar em vereador, prefeito, deputados estaduais e federais, senadores, governadores, além de um novo presidente da república para o Brasil”.
Essa linha de pensamento se coaduna exatamente com o que tenho dito aqui em crônicas anteriores, pois falta legitimidade aos agentes ativos e passivos que criaram esse lamaçal movediço em que transformaram o país. Quanto mais mexe e se movimenta, mais afunda, impedindo o ressurgimento das esperanças no sentimento do povo brasileiro.
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público. (Salvador - BA).
10 comentários
10 de Apr / 2016 às 23h04
O Grande Agenor discorre no seu Artigo sobre algo que está acontecendo escancaradamente na Capital do Poder e vai continuar até a penúltima hora, porque a hora final não me cabe apostar... Como o senhor gosta de dar nomes aos fatos, só faltou citar o numero da suíte e nome do hotel onde está hospedado o leiloeiro. O nome deixa pra lá, mas o numero da suíte é 4050... Se ele acreditar em numerologia vai tascar fora dessa suíte hoje mesmo, porque se fizer uma prova dos 9 vai dar em NADA...Quem quiser pode fazer para conferir. rsrsrs...!!!
10 de Apr / 2016 às 23h16
Embora não concorde plenamente com algumas de suas conclusões e pontos de vista da política nacional, continuo admirador de seu cabedal cultural, além da extraordinária e invejável capacidade para escrever. Sobre um dos enfoques da sua Crônica, vou lhe revelar o que há 27/28 anos, um dos meus mais lúcidos Assessores na SUPER-BA, onde eu era Chefe do Núcleo CREGE, disse em determinado momento de descontração, no intervalo da merenda, e levávamos um papo sobre política: - "No Brasil, só existem dois partidos. O PTC e o PQC". Intrigado, um do grupo lhe indagou: - Que negócio é esse, Vieirinha (carinhoso tratamento de Manoel Vieira de Andrade, seu nome)? Nunca ouvi falar nessas agremiações políticas. Ao que Vieirinha respondeu: - É o Partido Tá Comendo e o Partido Quer Comer. Conclusão: Vieirinha, inteligente e hilário que é, criou uma engraçada metáfora para mostrar que, no Brasil político, é tudo farinha do mesmo saco. SITUAÇÃO e OPOSIÇÃO, como identificadas na sua Crônica.
10 de Apr / 2016 às 23h29
Obrigado pela obra de arte da belíssima crônica, pura realidade do nosso País atual. Vamos orar pelo Brasil. Jesus lhe ilumine, sempre.
11 de Apr / 2016 às 08h37
A sua crônica esclarece para aqueles que ainda não aceitam que a situação política brasileira se corrompeu tanto que parece que não temos mais onde focar uma solução. Por isto o Acord@adinho nos brindou com uma numerologia correta. Mas temos que acreditar que alguma coisa possa ser solucionada. E a única esperança que vislumbro trata-se da movimentação popular, que está repudiando tudo isto que estamos vendo. E está pressionando o Congresso para que este mude a sua postura. Pois não vai adiantar apenas o impeachment. Tem que ser eliminado este leilão. Para o Brasil não ser destruído. FOZ DO IGUAÇU-PR.
11 de Apr / 2016 às 08h57
Li e gostei dos seus argumentos e devo confessar que se alinham com a minha visão desse conturbado momento que vive o nosso país. Sabemos que a corrupção não é privilégio desse governo, ela está entre nós desde a chegada dos portugueses e faz parte do dia-a-dia dos brasileiros nas mais diversas situações, desde o CPF pago para a obtenção de uma certidão em cartório, para a retirada de um alvará em órgão público para a realização de uma cirurgia em instituições de saúde pública, para ter preferência num atendimento qualquer, etc., e tudo isso somado faz parte do jeitinho brasileiro de resolver os seus problemas do cotidiano. Dentro dessa lógica, os governos do PT foram mais ousados do que qualquer outro que tenhamos conhecimento. Institucionalizou a propina como pedágio obrigatório, de forma tal que todo negócio com a principal empresa do país, a PETROBRÁS, e outras tantas, gerava um CPF a ser rateado com diversas pessoas físicas e jurídicas intervenientes do negócio ou não, que recebiam seus créditos ora em espécie em moeda nacional, ora em moeda estrangeira, ora em contas de "laranjas" no país e no exterior. Diz -se que a Presidente é uma pessoa honesta. Será? Quem, como ela, Presidente do Conselho de Administração da PETROBRÁS autoriza a compra de uma refinaria de petróleo em Passadena-USA como um bom negócio e tempos depois tomamos conhecimento que pagamos quase o dobro do valor de mercado dessa refinaria e que essa compra gerou enorme prejuízo para a PETROBRÁS e CPF para muita gente, inclusive para os amigos e para o partido dela, pode ser considerada uma pessoa honesta? Em qualquer outro país sério que zela pelas suas leis, essa senhora e todo Conselho que aprovou essa transação estariam na prisão pagando pelo crime cometido.
11 de Apr / 2016 às 09h02
Esse texto nos atualiza de forma clara e objetiva o cenário político brasileiro. Um mar de lama desce sobre Brasília ,mas os políticos teimam em emergir do lamaçal para não sair do poder .
11 de Apr / 2016 às 09h50
Texo golpista da moléstia.reacionarismo puro!!!
11 de Apr / 2016 às 11h58
Está chegando ao fim , meu caro Agenor
11 de Apr / 2016 às 12h02
Está chegando ao fim , meu caro Agenor
11 de Apr / 2016 às 15h25
O texto de agenor está condicente com a realidade atual e também a maioria dos comentários são de alto nível. Vamos sempre defender a ética, a liberdade de expressão sem fanatismo e sem alienação.