ARTIGO – LEILÃO REPÚBLICA: QUEM DÁ MAIS...?

10 de Apr / 2016 às 23h00 | Espaço do Leitor

O cenário nacional nos apresenta um caldeirão efervescente... e preocupante! Muitos e variados são os personagens que participam desse processo de ebulição da vida política nacional, com motivações de todos os níveis. De um lado os que estão no governo, sob a liderança insegura e claudicante da Presidente da República – que atualmente só sabe falar a palavra GOLPE -, cuja autenticidade só encontra amparo no fato de ter sido eleita pelo voto, mas que perdeu legitimidade por ter conduzido o país ao caos econômico e político. Só para ativar a memória dos esquecidos, o impeachment de Fernando Collor em 1992, comandado pelo PT nas ruas e no Congresso Nacional e que seguiu os mesmos ritos regimentais do atual processo, foi golpe? À época, tinha um Tesoureiro envolvido; hoje, já são dois... e presos!

É evidente que quem está desse lado, mordendo o osso, ainda que ele seja muito duro, não o quer largar porque do centro dele parece sair um “tutano” delicioso que tanto alimenta o ego pessoal como fortalece o patrimônio individual e a conta-corrente de muitos “companheiros”, o que os leva a lutar com todas as forças, meios e manobras para garantir o espaço conquistado. Não se pode negar que o partido majoritário tem um certo volume de ideias ou uma cartilha bem elaborada que mexeu com as emoções de muitos ao longo de alguns anos, mas que traiu a sua história. Uns militantes ainda permanecem fiéis e convictos, mas outros, decepcionados e frustrados, já desceram do barco, e agora estão buscando novas opções. É o que se classifica como: Situação.

Do outro lado, lutando tenazmente pelo osso, há outro segmento que procura ocupar os espaços nas trincheiras montadas para a batalha da derrubada. Mesmo identificando falha de percurso dos que exercem o poder atual, cujas razões para tirar tem complexas implicações jurídicas e constitucionais, o fato motivador fundamental está inspirado na tradição política e ideológica, historicamente contrária aos que mordem o osso atualmente, mas, na verdade, doidos para morder, também. Chama-se: Oposição. Na verdade, são todos ávidos pelo aroma inebriante do Poder! Digladiam-se nesse jogo, mas as regras entre os contendores nem sempre estão sintonizadas com os princípios da pureza, da ética e da honestidade.

Entre os dois lados citados - Situação e Oposição -, e atuando de forma mais indecente, encontram-se aqueles que representam o lado vergonhoso do Parlamento brasileiro. São os hábeis vendilhões do voto parlamentar, desprovidos de ideais, caráter ou sentimento de amor à pátria, e que são frequentadores ativos do “Leilão República”, na versão “Toma Lá, Dá Cá”, onde tanto se usa a moeda nacional vigente, como se negocia Ministérios, cargos do segundo e terceiro escalões, etc. Este grupamento de interesseiros já deve ter até diretoria constituída, pois a sua trajetória tem origem em priscas eras, desde “Mensalinhos e Mensalões” anteriores...!

Esta facção representa a escória dos partidos, sem qualquer compromisso moral ou fidelidade a princípios partidários, legítimos traíras do voto popular, e que se constituem no possível desequilíbrio do resultado final dos debates. Na presente crise institucional, são conhecidos como tais alguns deputados dos “Partidos Nanicos”, e um razoável número de deputados do PMDB, que bateu de testa com a cúpula que decidiu por se afastar da base partidária de apoio ao governo. A opção de ficar foi muito mais por um desmesurado apego ao Poder, visando manter os Ministérios (seis!), e os cargos que detinham. O comportamento cautelar e indeciso desses peemedebistas, valoriza o conceito contido na tradicional frase de que “é melhor um pombo na mão do que dois voando”. Triste episódio para a política nacional!

Recompor o governo é uma situação natural e contingencial, mas utilizar os cargos como balcão de negócios é uma prática vergonhosa e deplorável. Se necessário, serão feitas novas pedaladas. O que importa é conquistar o número de votos que garantirá a permanência no poder. Mas, isso não será problema, visto que o povo pagará a conta através dos ajustes fiscais!  É o sujo aproveitamento da fraqueza moral dos políticos débeis de personalidade e convicções.

Ouvi e dei valor ao pronunciamento do Deputado Gonzaga Patriota (PSB), de Petrolina (PE), quando na Tribuna da Câmara dos Deputados exigiu eleições gerais já: O povo brasileiro não aguenta mais Dilma, tampouco, Temer e nem parte dos políticos desta Casa, envolvidos em escândalos de toda forma. Vamos fazer aprovar um Instituto Constitucional, para eleições gerais no Brasil, no dia 02 de outubro, para que o povo brasileiro possa votar em vereador, prefeito, deputados estaduais e federais, senadores, governadores, além de um novo presidente da república para o Brasil.

Essa linha de pensamento se coaduna exatamente com o que tenho dito aqui em crônicas anteriores, pois falta legitimidade aos agentes ativos e passivos que criaram esse lamaçal movediço em que transformaram o país. Quanto mais mexe e se movimenta, mais afunda, impedindo o ressurgimento das esperanças no sentimento do povo brasileiro.

AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público. (Salvador - BA).

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