O ministro da Economia, Paulo Guedes, partiu novamente em defesa da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios — dívidas judiciais da União — e afirmou que, sem o adiamento no pagamento dos R$ 89,1 bilhões que estão previstos para 2022, até os salários dos servidores, inclusive o dele, poderão não ser pagos no ano que vem.
“Vai faltar para todos, inclusive, para salários”, afirmou Guedes, nesta quinta-feira (19/8), em defesa da proposta que visa parcelar por 10 anos o pagamento de precatórios com valores superiores a R$ 66 bilhões, mas que é vista como uma medida na contramão da austeridade fiscal a proposta, inclusive, vem sendo chamada de PEC das pedaladas. “É inexequível pagar precatório de R$ 90 bilhões com leis vigentes, vai parar Brasília”, acrescentou.
Até o próximo dia 31, o Ministério da Economia precisa enviar ao Congresso o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2022 e a previsão para o pagamento de sentenças judiciais deverá consumir a totalidade da folga de R$ 30,4 bilhões prevista pela pasta no limite para o cumprimento do teto de gastos — emenda constitucional que limita o aumento das despesas pela inflação, mas que poderá ser menor devido à inflação cada vez mais alta.
Em 2020, essa dívida somou R$ 54,7 bilhões e, de acordo com o secretário do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, o governo estava estimando R$ 57,8 bilhões para o pagamento dessa rubrica. Inicialmente, o governo dizia que essa PEC seria importante para abrir espaço no Orçamento para o novo Bolsa Família prometido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“Nós oferecemos essa alternativa. Se essa alternativa não passar, não tem problema. Nós mandamos o Orçamento com R$ 90 bilhões para precatórios e faltando tudo mais, inclusive, para salários nossos: salário no Executivo, no Congresso, no Supremo, no Judiciário… Se tiver que descumprir uma lei, você descumpre a outra”, afirmou.
Segundo o ministro, esse “meteoro” dos precatórios veio das decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e o governo não tem como pagar essa quantia sem quebrar a Lei de Responsabilidade Fiscal e o teto de gastos. O ministro fez as declarações nesta quinta-feira (19/8) durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores (CRE), do Senado Federal, para falar sobre Mercosul e redução da Tarifa Externa Comum (TEC) no bloco, mas ele não evitou tocar espontaneamente nesse assunto polêmico que vem ajudando a aumentar a desconfiança de investidores no país.
Guedes contou que os ministros do STF Dias Toffoli e Gilmar Mendes foram consultados para a elaboração da PEC. “Eu tenho que sofrer alternativas e foram oferecidas em uma conversa com os ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Eles já criaram a jurisprudência porque parcelaram o precatório de estados e municípios”, disse.
Em relação às críticas e o aumento do pessimismo no mercado, o ministro minimizou a crise institucional provocada pelo presidente. “O barulho é natural e há excesso em todos os poderes. Mas tem VAR. Todo mundo vê quem tá cometendo excesso e sociedade é quem pede moderação”, afirmou ele, fazendo analogia ao futebol.
O ministro da Economia ainda afirmou que o governo tem planos de abrir a economia como estratégia para o país recuperar a competitividade e usou o termo mais utilizado para o presidente Bolsonaro em relação à pandemia como crítica. “Negacionistas não reconhecem que temos um programa de governo”, afirmou.
Apesar de afirmar que o Brasil ficou preso em “uma armadilha ideológica” do Mercosul nos últimos anos, ele defendeu uma modernização do bloco, que vem negociando a redução de 10% na TEC. De acordo com o ministro, essa redução é o um passo pequeno em direção à abertura que o Brasil pretende dar e tem o apoio do Uruguai e, provavelmente, do Paraguai, que deverá sair do muro. Já a Argentina, ter um tratamento especial para “se adaptar com maior liberdade”. “Estamos preparados para fazer esse movimento”, adicionou.
Correio Braziliense Foto reprodução TV Brasil
4 comentários
20 de Aug / 2021 às 06h58
Rapaz não vou escrever uma palavra aqui em respeito ao blog esse nogento tem dinheiro de emenda parlamentar pra comprar dep. e Senadores .
20 de Aug / 2021 às 11h48
Evitem em nome de Deus, o endividamento da população para pagar Salário de Funcionário Público. Não tem dinheiro para pagar salário de funcionalismo público? Beleza, façam um empréstimo, emitam título de dívida pública. Agora para ELES os funcionários pagarem no contra-cheque, já que são os únicos beneficiados. É injusto que a população pague imposto para pagar dívida pública de salário de funcionário público.
20 de Aug / 2021 às 11h50
Interessante que dinheiro de sobra pra bancar emenda parlamentar ora votar algo do interesse deles, quando e algo que visa beneficiar a população de alguma forma nunca tem dinheiro suficiente.
21 de Aug / 2021 às 14h45
Eita que ta chegando 2022 ai eles vão ver