Em discurso na Câmara, o deputado Danilo Cabral, líder do PSB na Casa, afirmou que pautar a votação da MP 1.031/2021, a chamada MP do Apagão, que permite a venda da Eletrobras e suas subsidiárias, é irresponsável.
"Votar essa matéria com menos de 24 horas de divulgação do relatório e com a informação de que ele ainda passará por modificações é fazer um debate inconsistente de uma decisão que terá impacto direto na vida da população e que entregará um patrimônio público a um agente privado", afirmou.
O parlamentar destacou também que a venda da Eletrobras será feita sem sequer a divulgação de um estudo sobre o impacto tarifário. "De forma objetiva, qual o impacto dessa decisão na conta de luz do cidadão?", questionou. Danilo Cabral disse ainda que o relator Elmar Nascimento reconhece, no relatório, que haverá aumento das tarifas de energia. "Além do aumento na conta de luz da população, haverá elevação nos custos do setor produtivo - 40% dos insumo são de energia -, o que terá consequências no custo de vida de todos", disse.
Danilo Cabral lembrou que a Eletrobras lucrou R$ 30 bilhões nos últimos três anos e R$ 1,6 bilhão no primeiro trimestre de 2021 e pagou em dividendos R$ 15 bilhões nos últimos 15 anos. Ele acrescentou que a empresa detém 30% da geração de energia do país, 40% da transmissão e 50% da energia armazenável pelos rios e bacias brasileiros. "Tudo isso pertence ao povo brasileiro e será entregue a um agente privado sem uma ampla discussão com a sociedade", criticou.
O deputado também abordou a questão da segurança hídrica do Brasil. A Eletrobras controla 52% dos reservatórios de água do país. "A venda da empresa é o mesmo que um sujeito entregar a chave da caixa d'água de sua casa para outra pessoa administrar. E esse privado vai fazer uso dessas reservas baseado no lucro e não no interesse público, como funciona a estatal hoje", disse. Danilo Cabral citou como exemplo a importância do Rio São Francisco, que conta com 13 hidrelétricas da Chesf (subsidiária da Eletrobras) em seu curso, para o Nordeste. "A região tem o maior semiárido do mundo, onde moram 26 milhões de pessoas, das quais 12 milhões dependem da água da transposição do rio para consumo humano. E vamos entregar essa gestão para o setor privado", ressaltou.
Por fim, Danilo Cabral reafirmou a posição do PSB contra a medida provisória. "Nossa posição é muito firme, clara, contundente, baseada nos valores que nós carregamos: a afirmação da soberania nacional, defesa dos mais vulneráveis e organização da luta do povo", encerrou o discurso.
Antes do início da sessão da Câmara, os líderes dos partidos de Oposição - PSB, PT, PDT, PSOL, PCdoB e REDE - anunciaram o protocolo de três ações no Supremo Tribunal Federal contra a tramitação da medida provisória. Foram dois mandados de segurança e uma arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADFPs). Apesar das críticas da oposição, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que não havia impedimento regimental para a votação do texto da MP da Eletrobras.
Ascom Deputado Danilo Cabral Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
1 comentário
20 de May / 2021 às 18h42
Governo da Bahia já deveria fazer uma boa reserva de contigência, para comprar essas ações dessa venda para garantir o direito de controlar as águas do Rio São Francisco, para os interesses do povo baiano. Nem que a Bahia busque financiamento, se endivide, que esse dinheiro volta. Mas o mais importante é garantir o acesso eterno a água para o povo da Bahia. A Alba poderia também legislar sobre esse assunto. Eles não querem provocar? A Bahia tem que reagir.