Parteiras tradicionais resistem e lutam por reconhecimento profissional
Pelas mãos de Maria José Galdino da Silva, de 61 anos, mais de 2 mil crianças nasceram. Conhecida como Zezé Parteira, ela se dedica ao ofício há 43 anos na comunidade de Taquara de Cima, em Caruaru (PE). Cada criança de quem fez o parto tem o nome anotado em um caderno que a acompanha por quatro décadas. Nascida em Gravatá (PE), Zezé aprendeu a ser parteira com mãe, a paraibana Maria do Carmo da Conceição, que também era rezadeira. E é essa transmissão de conhecimento, de geração a geração, que marca o ofício das parteiras tradicionais.
Tudo o que a parteira aprendeu foi acompanhando o trabalho da sua mãe na adolescência, ainda que cercada de tabus. "Depois que eu comecei a fazer parto que soube que se nascia pela vagina. Nossa mãe nunca passava isso, porque ficava com vergonha”, lembra. Ela fez seu primeiro parto aos 18 anos e conta que nunca cobrou por nenhum deles. Em troca, às vezes recebia ovos, leite ou mesmo galinhas. Depois, se tornou agente de saúde no Sistema Único de Saúde (SUS), onde atua há mais de 20 anos. ..