Não se sabe a quem atribuir a ideia singular de estabelecer uma simbiose entre escândalos e festas, no Brasil. Parece uma coincidência até pacífica, porque sempre que o país está atormentado pelo anúncio explosivo de novos crimes contra a honra nacional, em que os cofres públicos são assaltados de maneira violenta e desavergonhada, logo em seguida o calendário sinaliza a chegada providencial de uma grande festa, que tem o poder de amenizar os impactos causados e mesmo conduzir ao esquecimento dos fatos revelados, temporariamente. Louve-se a Operação Lava-Jato que tem superado todas as expectativas e tem sobrevivido às articulações dos políticos - os principais atingidos por sua ação demolidora -, e mesmo judiciais, para impedir e desmoralizar o trabalho corretivo desses jovens juízes e procuradores.
A propósito, muito se fala nessa Operação e o leitor talvez não saiba a razão de ter sido atribuído esse nome às investigações. É que tudo começou num Posto de Gasolina, em 17 de março de 2014, no Paraná, quando a suspeita da existência de um “esquema de desvio e “lavagem” de dinheiro envolvendo a Petrobrás, deflagrou investigações iniciais sobre o doleiro Alberto Youssef, antes preso nove vezes por contrabando de eletrônicos do Paraguai, e em seguida o Paulo Roberto Costa, Diretor da Petrobrás” (Folha de São Paulo). Na sequência, como um rolo compressor, foram arrolados nomes de diretores da empresa, ex-ministros, políticos e empresários envolvidos, atingindo mais de uma centena de mandados de busca e apreensão, de prisão temporária, de prisão preventiva e de prisão coercitiva, cujo suposto montante desviado de 40 bilhões está longe de ser localizado e devolvido aos cofres assaltados! Tenho ouvido das pessoas, a seguinte indagação a cada nova prisão: “E essas penitenciárias ainda cabem tanto político e empresário assim”?..