A primeira capital do Brasil completa 467 anos com mais de três milhões de habitantes circulando pela cidade. Segundo dados do Detran, são aproximadamente 900 mil veículos, entre carros de passeio, ônibus, motos e caminhões. Quem dirige há mais de dez anos não tem dúvida: o trânsito não é mais o mesmo. Na contramão do que acontece nas grandes cidades, a circulação está ficando mais fácil, com o primeiro conjunto planejado de obras estruturantes de mobilidade da história de Salvador.
O professor Carlos Amorim ainda encontra dificuldades para trafegar na capital baiana, mas confirma o avanço dos últimos anos. “O trânsito tem melhorado efetivamente, estava muito parado e com as últimas obras melhorou bastante”. Segundo a analista técnica do Detran, Maria Guadalupe Uzeda, “a partir do momento em que são oferecidas novas vias de acesso, a tendência é cada vez maior do trânsito ser diluído e a população possa se deslocar com facilidade”.
A solução para o trânsito passa pela Via Expressa, que tirou os caminhões da Avenida Bonocô. Com a nova via, o Porto de Salvador, que movimentou mais de 4 milhões de toneladas de cargas e 180 mil containers em 2015, passou a ser o primeiro do Brasil a ter uma ligação direta com uma rodovia. Caminhoneiro há 10 anos, Eliseu Wilson comemora. “Era complicado, a gente vinha pela Bonocô, pegava engarrafamento, transitava entre os carros pequenos, demorava até duas horas para chegar aqui [ao Porto]. Hoje, dá para fazer em cinco minutos”.
Complexos Dois de Julho e do Imbuí
Em 2008, o Complexo Viário Dois de Julho, em frente ao Aeroporto Internacional de Salvador, no limite com Lauro de Freitas, já indicava um projeto de grandes proporções para a capital. Outra intervenção semelhante foi o Complexo Viário do Imbuí, entregue em 2014 e que mudou completamente a rotina de quem vive ou trabalha na região. Com o Complexo do Imbuí, o técnico em informática Tiago Bittencourt ganhou tempo. “Melhorou muito. Eu saia do serviço e demorava até 40 minutos para chegar ao retorno que vai para o Costa Azul. Hoje, em menos de 10 minutos já estou lá, pela Estrada do Curralinho”.
Do Subúrbio à Orla Atlântica
A maior obra viária em curso atualmente na Bahia é a construção das linhas Azul e Vermelha, que ligarão o Subúrbio Ferroviário à Orla Atlântica. Os novos itinerários vão abrir uma infinidade de possibilidades de empregos para a população do Subúrbio.
A Linha Vermelha, formada pelas avenidas Orlando Gomes, em ampliação, e a 29 de Março, em construção, terá 20 quilômetros. A duplicação da Avenida Pinto de Aguiar foi o primeiro grande passo para a construção da Linha Azul, que terá 13 quilômetros e vai ligar Patamares ao Lobato. Os alunos da Universidade Católica do Salvador (UCSal), em Pituaçu, já sentem a diferença, como Daniel Souza, que cursa Educação Física. “Eu venho da [Avenida] São Rafael para cá, mas demorava muito tempo. Estava sempre engarrafado, tinha acidentes e a pista era estreita. Hoje, mesmo fazendo o retorno no Centro Administrativo [da Bahia], eu ganho tempo porque o trânsito está sempre livre. Melhorou mesmo”. Na última quinta-feira (24), a BR-324, na região de Pirajá, ganhou um viaduto e duas alças de acesso como parte da implantação da Linha Azul.
Avenida Paralela será outra Via Expressa
Outra intervenção muito esperada pelos baianos é a transformação da Avenida Paralela em uma Via Expressa. “Com a implantação do metrô, que já está em andamento, o Governo do Estado devolve para a cidade a Avenida Paralela do jeito que ela foi pensada, como ela deveria ser. No plano diretor da cidade, tem a Paralela como uma via expressa, sem semáforo, sem retorno e sem postos de gasolina no canteiro central”, explica a superintendente de Mobilidade da Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado, Grace Gomes.
A superintendente ressalta que a Paralela é uma avenida de cunho metropolitano, que faz a ligação do centro de Salvador à região metropolitana, no sentido da orla atlântica, mas perdeu essa função ao longo tempo. “O acesso ao tráfego na Paralela e às vias marginais será feito pelos viadutos. A obra do metrô vem facilitar isso. Do início da Paralela, na região da Tancredo Neves, até Pituaçu, onde já construímos os viadutos, não existem mais semáforos; então o trânsito é livre. Os semáforos começam a surgir após o Viaduto Dona Canô”.
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