ARTIGO - O PAÍS DOS MEUS SONHOS
Carlos Augusto Cruz
Médico e Advogado..
Eziel José da Silva, carinhosamente conhecido como Maia, era um homem negro de olhar incisivo, voz grave que se elevava fácil na sincronia com os gestos largos. Um ser errante que um dia sonhou em ser missionário. Calçou um tênis acolchoado, vestiu uma calça surrada, um boné sem cor e foi à rua “vomitar a palavra de Deus na alma das pessoas”.
Quem via Maia chegando ao restaurante popular ou amarrando a bicicleta no tronco de uma árvore, com seu jeito reservado e circunspeto, nem imaginava os arroubos que acompanhavam seus passos inquietos em determinados dias da semana, quando encarava a missão de ser “o ciclista de Deus”...
Gilles, meu amigo, estava fraco e indefeso na cama de um hospital. O câncer já tinha tomado todo o seu intestino. A pneumonia estava avançando, e, Gilles, meu amigo, estava sofrendo muito.
Como combinado, com Denise sua filha, liguei para o celular de Denise e, ela passou o telefone para ele. A primeira coisa que lhe perguntei foi: Francês, como está sua luz? Com uma voz frágil, triste e mal equilibrada, Gilles respondeu: “A luz está se apagando, amigo”.....
Mais uma vez a Câmara dos Deputados dá uma insofismável demonstração da falta de seriedade e compromisso com os trâmites éticos em nossa República. Mais uma vez o presidente daquela Casa, que deveria servir aos brasileiros e não aos interesses mais mesquinhos da politicagem, o senhor deputado federal Eduardo consegue achincalhar a todos, e colocar seus interesses acima dos interesses da nação brasileira.
Depois de tanta discussão e clara certeza de quebra de decoro parlamentar, bem como provas cabais de contas secretas com dinheiro nada limpo no exterior, tudo volta a estaca zero no Conselho de Ética no processo em discussão para cassação de seu mandato que não serve em nada para o país...
Chegou 2016 e com ele mais uma etapa de eleições municipais em cumprimento ao definido pela Constituição de 1988 e pelo Código Eleitoral (lei 4.737 de 1965), para eleger 5.568 prefeitos e vice-prefeitos, e cerca de 57.420 vereadores em todo o país, a se repetir o número ocorrido em 2012. Eleições de dois em dois anos correspondem a custos elevadíssimos e grandes dificuldades de sua realização em algumas regiões, particularmente no norte do país ou Amazônia. Existem grandes controvérsias quanto à unificação em um pleito de cinco em cinco anos – a Câmara rejeitou em 2015 a PEC da reforma que previa eleições Majoritárias e Proporcionais simultâneas para todos os cargos eletivos -, mas essa mudança traria uma substancial redução nas despesas eleitorais. Impossível, contudo, não se avaliar a complexidade de que se reveste uma mudança no processo de votação para o eleitor, ao se dirigir à urna para votar 7 vezes: Presidente da República, Senadores, Deputados Federais, Governadores, Deputados Estaduais, Prefeitos e Vereadores! Ufa! Cansa só em escrever...
Não se trata, absolutamente, de descaracterizar o princípio da legitimidade do processo eleitoral dentro do Sistema Democrático, imprescindível para garantir a liberdade do cidadão no direito de escolha através do voto. Outro passo importante seria extinguir a reeleição para o Poder Executivo em todos os níveis, ampliando-se o mandato para cinco ou seis anos, o que permitiria uma rotatividade no poder, e reduziria os níveis de empreguismo e corrupção às vezes utilizados como instrumentos garantidores de um novo mandato. Se o Prefeito, Governador ou Presidente, se sentem motivados no exercício do cargo, que sejam eficientes, honestos e gestores competentes, e o povo, certamente, se encarregará de brindá-los com novo mandato no futuro. Outro detalhe a ser pensado, é criar obstáculos para a formação dos feudos políticos, quando depois de dois mandatos consecutivos, principalmente na área municipal, o prefeito elege a esposa, ou o filho, ou o irmão ou o tio, e ele próprio assume uma Secretaria Municipal, e assim o comando político da família se perpetua...!..
No dia 20 de janeiro deste ano, o jornal o Estado de São Paulo publicou, em caderno especial, longa reportagem sobre os 150 anos de nascimento de Euclides da Cunha. Trata-se, sem dúvida, da primeira de uma série de outras tantas publicações que, em 2016, haverão de homenagear o escritor nascido em Cantagalo, antiga província do Rio, em 20 de janeiro de 1866.
E não é para menos. Engenheiro, poeta, escritor, jornalista, Euclides da Cunha é um dos mais legítimos representantes da inteligência brasileira. Intelectual de escol, foi ele responsável pela descoberta de um Brasil que até então era desconhecido: o Brasil do interior. Para ele, a construção da identidade nacional brasileira teria de buscar seus fundamentos na profundidade do Brasil interiorano, pois era lá que estava “o cerne da nacionalidade”...
Construir uma história de determinação e lutas é um caminho longo a ser percorrido, é preciso enfrentar muitos desafios para conseguir chegar onde se pretende. Rir e chorar são ações permanentes nas condições humanas, mas para alcançar esses objetivos árduos na vida precisamos antes de tudo sonhar.
Para Antônio Bastos, mais conhecido como André Bastos, paratleta de Juazeiro, vice campeão brasileiro na categoria remo, sua melhor amiga hoje é a cadeira de rodas. Ele relata como passou pelo processo de adaptação aos vinte e três anos de idade e que depois disso conseguiu superar suas dificuldades tornando-se uma pessoa melhor e com mais vontade de viver...
Há muitos tempos atrás, ainda naquela época que Juazeiro transpirava cultura por todos os poros, justamente na época em que a AUJ (Associação dos Universitários de Juazeiro), da qual este escriba, mui orgulhosamente fez parte, onde na Rádio Juazeiro existia um programa no qual desfilavam os grandes cronistas da nossa terra, ao meio dia e meia, cada qual demonstrando sua capacidade e sua habilidade com a escrita, onde a Prof. Marta Luz, minha professora de português no curso Científico do Colégio Dom Bosco, a Profa. Ozelina Pergentino Nunes, Laize de Luna Brito, o Prof. Edilson Monteiro, Henrique, do Banco do Brasil, Joseph Bandeira e Luiz Souto Freire. Algumas vezes sobrava algum espaço para algum “enxerido” e, lá ía eu com algum escrito. Lembro-me, porém, perfeitamente ter escrito uma crônica intitulada: ‘Coelba, SAAE e Telebahia’, falando do mal atendimento desses serviços aos seus usuários. Isso , lá se vão mais de trinta anos.
Passado todo esse tempo, parece que nada melhorou. Tudo está na mesma!..
Comemoramos no dia 20 de novembro do ano passado o Dia da Consciência Negra, porém considerando que todos os dias do ano devem ser naturalmente comemorados os valores dos povos afrodescendentes, que foram os grandes responsáveis pela construção das riquezas do Brasil. Com esse fato devemos fazer uma profunda reflexão do que foi a escravidão no Brasil, se ela de fato acabou, bem como também passar um olhar mais profundo sobre os novos aspectos da escravidão moderna imprimida pelo poder econômico dos novos dominadores do mundo.
Precisamos não somente do dia 20 de novembro para relembrar nossas raízes africanas, pois deveremos o tempo todo repensar novas formas de consciência e de luta perante um inimigo que hoje consegue superar inclusive os métodos de escravizar pessoas do antigo Império Romano, que é o Capital. Com a queda deste Império acaba-se oficialmente a escravidão no mundo, apesar dela nunca ter deixado de existir, pois o Capital necessariamente sustenta-se da escravidão de seres humanos, subjugados ao interesses particulares de poucos...
Este ano, entre os dias 21 a 24, a organização do Carnaval de Juazeiro valorizou mais uma vez os sanfoneiros. Silas França, acompanhou Bell Marques (sempre Chiclete com Banana) e Luiz Caldas contou a história da música brasileira, trio elétrico e carnaval.
O sanfoneiro, compositor e cantor, Targino Gondim puxou a sanfona, discípulo de Luiz Gonzaga cantou o mestre naquele que foi na minha opinião, a melhor apresentação do evento.
Em tempos de tanta música ruim, onde a porcaria musical impera, foi uma riqueza ouvir Targino Gondim e sua sanfona. Cabe aqui citar que a identidade cultural no mundo globalizado é fator de atração turística. O forró, baião, xaxado sempre será um fator de desenvolvimento econômico e social.
Louvável a atitude da Prefeitura de Juazeiro-Bahia ter na programação sanfoneiros. Meu incentivo para que todos os eventos isto seja repetido na busca de repensar as relações entre cultura e discurso oficial. A atitude foi um exercício da cidadania cultural.
Luiz Gonzaga, diga-se, poucos sabem, na década de 40 e 50 derrubava todas as atitudes já "cristalizadas" pelo tempo e puxava sua sanfona em pleno carnaval. Em 1947 o maior sucesso do carnaval foi "Quer ir mais eu?", frevo regravado até os dias de hoje.
Também na sanfona de Luiz Gonzaga foram gravados para o carnaval "Bia no Frevo", Ao Mestre Capiba, Arrasta Frevo.
No carnaval da Bahia, décade de 80, o Brasil e o mundo tomou conhecimento do primeiro forró trio eletrizado: "Instrumento Bom", autoria de Morais Moreira na voz de Luiz Gonzaga, gravado com Trio Eletrico de Armandinho, Dôdo e Osmar. O Brasil canta até hoje...
Portanto, Targino Gondim, Luiz Gonzaga e o trio eletrico podem e devem ser considerados arte, show espetacular e é necessário criar uma expectativa de reorganização da política cultural, mesmo com a descrença no aparelhamento público(o Estado ainda é necessário quando a serviço da coletividade).
Tenho dito: Viva o Nordeste. Viva o carnaval com sanfona!Viva o forró!
*Ney Vital-Jornalista, pesquisador. Apresentador do Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga.
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Manifestante joga torta na cara de Genoíno, então Presidente do PT, em 2003, em Porto Alegre
A política brasileira praticada nos últimos 70 anos, cuja trajetória começou ao final da ditadura de Getúlio Vargas ou Estado Novo, em 1945, reservou um lugar especial na história do Brasil pelo extenso volume de variáveis que passou a oferecer a quantos se habilitaram a participar ou a entender o processo político nacional. O conceito preliminar que inspira a constituição de um Partido, tem como pressupostos fundamentais a existência de um Programa definido e a observância das tendências políticas dos cidadãos que se filiam à nova legenda, além, obviamente, de se subordinar ao comando de uma liderança política...
Reiteradas vezes opinei que o chamado "príncipe da sociologia" brasileira, Fernando Henrique Cardoso, estava em estado de caduquice com suas opiniões "quase sérias" em defesa do impeachment de Dilma Rousseff, num claro desrespeito ao que reza as prerrogativas constitucionais da democracia. E muita gente que na política simplesmente apaixona-se por grupos ou indivíduos políticos sem nem ao menos compreender superficialmente o que os mesmos representam ideológica e politicamente, literalmente chegou ao limite da agressão verbal, escrita em comentários dos rodapés de sites que publicam minhas opiniões.
Porém como eu estava certo do que falava de que não procedia o discurso que o ex-presidente proferia para seus seguidores fiéis, nunca tive a preocupação de entrar no mérito da réplica, até porque a razão vem sempre antes das emoções tolas de leitores apaixonados do Jornalismo da Obediência. Fato comprovado da certeza de que minha opinião estava sempre certa, pelo menos para mim, foi a matéria recente do site infomoney sobre a nova opinião de FHC sobre o assunto em questão...
Mesmo com a chegada do novo ano, ainda persiste a perplexidade da sociedade diante do infindável volume de irregularidades e sujeiras que a cada momento são descobertas, visto que todos acompanham com interesse as investigações da Operação Lava Jato da Polícia Federal. Em cumprimento às determinações do STF, do Juiz Sérgio Moro e Procuradores Federais, as diligências são realizadas com muita eficiência, recolhendo milhares de documentos e equipamentos de informática, além da quebra do sigilo bancário e telefônico dos suspeitos. O juiz federal Moro disse uma verdade, com muita propriedade: "Temos uma grande oportunidade de mudança que não podemos perder [...] O que muda o País são instituições fortes. É preciso promover mudanças políticas, legislativas, culturais. A sociedade tem condições de pleitear isso, muito mais do que os agentes públicos”.
É de estarrecer o quanto os políticos, empresários e lobistas se especializaram na prática de crimes dos mais variados perfis. Segundo depoimentos do delator Cerveró, houve empréstimo de 12 milhões de reais com o Banco Schahin, feito pelo fazendeiro Bunlai, com o fim de comprar por 6 milhões de reais o silêncio de alguém que queria abrir o bico e a outra metade para robustecer os cofres de certo partido...! Em contrapartida, o mesmo Grupo Schahin foi agraciado com a venda de Navio-Sonda para a Petrobrás, com preço superfaturado (quase R$2,5 bilhões), tudo isso com o objetivo unicamente de fazer dinheiro para enriquecimento ilícito dessa quadrilha de safados e gerar caixa para campanhas eleitorais. Pensam que aquele empréstimo do Bunlai foi pago? Nada, a outra operação que beneficiou o Grupo quitou o débito, segundo o delator! Mas o cidadão comum, agropecuarista que produz alimentos ou bens exportáveis e gera divisas ao País, tem a obrigação de pagar os seus financiamentos com juros, exceto se é uma Friboi da vida, para a qual até dinheiro dos Fundos de Pensão é atraído para investimento!..
Durante uma campanha eleitoral, em um ambiente mais insalubre do que salubre, local utilizado frequente e comumente para se molhar o 'pé da guela' com o popularíssimo e típico produto brasileiro, conhecido 'carinhosamente' por pinga, cachaça, água que passarinho não bebe, branquinha, café branco, mé, entre outros criativos e sugestivos sinônimos, um frequentador assíduo do ambiente, cheio da manguaça, 'no aqui tá fundo e aqui tá raso', bradava no corredor onde existe diversos pontos comerciais, um coladinho no outro: "não vou votar naquele cachaceiro. Não voto em político que bebe cachaça"...
Esta clara e original opinião eleitoral demonstra o comportamento equivocado de um eleitor que provavelmente ouviu dizer que um determinado candidato seria um 'apreciador de aguardente de cana', como se isso fosse um dos maiores defeitos e pecados que um candidato a um cargo eletivo possa ter. A teoria do "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço", não funciona. É por isso que muitos eleitores não entendem porque seus escolhidos mentem.
Atualmente esta frase é muito aplicada na sociedade, onde muitos políticos se revelam ser uma pessoa totalmente diferente daquela que os eleitores escolheram. Percebe-se que a figura citada no primeiro parágrafo deste texto, visivelmente embriagado, defende a Lei Seca, mesmo sendo um exímio consumidor da 'danada'. Com alguns políticos, principalmente aqueles com atuações em cidades com características provincianas, o comportamento é idêntico ao condenar seu opositor, ou concorrentes, mas cometendo o mesmo erro do condenado. Para conseguir seu intento o cara de pau profissional ludibria suas vítimas (a população) com falsos discursos, dignos dos praticantes do "171"...
Greves, decepções, desemprego, essas foram as palavras mais escutadas ao se falar em construção civil no ano passado. O mercado de construção tem peculiaridades no mínimo bem complexas, o setor contribuiu para sua derrocada, tanto no caso das construtoras de imóveis quanto no caso das empreiteiras.
Com relação às construtoras, anos de euforia levaram a um excesso de ofertas em várias cidades pernambucanas e, em consequência disso, uma verdadeira paralisação geral nos lançamentos de novos imóveis...
Nos idos de 1990, quando ainda era estudante das Ciências do Direito, na Extensão da Universidade Católica do Salvador, em Juazeiro, desde aquele tempo, que ouvíamos dos nossos Ilustrados Mestre o jargão que, no Direito, “a letra mata, mas o espírito vivifica”.
Isso quer dizer que a letra da lei de nada vale, se não existirem os aplicadores que lhe deem vida nos seus vários tiposde interpretações...
Temos a mais absoluta certeza de que a educação é um conjunto de processos pelos quais as pessoas se apropriam de uma determinada cultura, à luz de um determinado projeto de sociedade. Ou seja, a palavra educar no sentido mais amplo da palavra ultrapassa os limites das quatro paredes da sala de aula. O educador quando vai para sala de aula, ele não leva somente o aparato científico de sua formação, mas também sua experiência individual e familiar.
Então claro fica que se o professor é o principal elo transmissor de valores e conhecimentos ao longo do período de nossa civilização humana, não tendo a valorização de seu trabalho, principalmente no campo puramente economicista, com a mais absoluta certeza não vai cumprir fielmente a sua missão de educar as futuras gerações...
Depois das amenidades geradas pelo espírito festivo do final de ano, o que favoreceu um breve esquecimento do conturbado quadro político brasileiro, parece que tudo volta à normalidade ou, mais precisamente, à anormalidade... Sim, porque o país volta à realidade do apagão moral e a conviver, tristemente, com o conflito na inversão dos valores de conduta, onde o inteligente virou “sabido”; o honesto é um “idiota”; a “propina” foi universalizada como a chave (ou moeda...?) que abre todas as portas; os corruptos envolvidos na Lava Jato continuarão negando o depoimento dos delatores; e o processo de “impeachment”, tanto da Presidente da República quanto do Presidente da Câmara dos Deputados, volta a ocupar os noticiários e as preocupações de muita gente...!
Bem, como chegou o primeiro dia útil do ano em quatro de janeiro de 2016, imagina-se que, certamente, tudo de produtivo voltou a acontecer no país... ledo engano, caro leitor! Exceto as atividades básicas e necessárias à manutenção alimentar e de consumo do cidadão, bem como de lógica atenção ao Turismo, já se popularizou no país o conceito de que as coisas só voltarão a funcionar, na sua plenitude, depois do Carnaval...
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