Operação "Carne Fraca" estimula polêmica entre carnívoros, vegetarianos e veganos

Por razões religiosas, preferenciais ou de restrição alimentar, o consumo de carne entre as pessoas é variado. Em alguns casos, nulo. A relação das pessoas com o alimento, que já era alvo de algumas polêmicas, é o assunto do momento nas discussões sobre o consumo entre carnívoros, vegetarianos e veganos. O burburinho foi intensificado com a deflagração da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que investiga empresas envolvidas na manipulação irregular das carnes brasileiras.

De acordo com a Nutricionista da Clínica ADS, Carla Reis, a não ser que faça a opção por ser vegetariano ou vegano por razões pessoais, as pessoas não precisam deixar de comer carne vermelha. "O importante é ficar atento à procedência do alimento e ao seu aspecto. Os cortes magros são as melhores opções para a saúde, já que gordura em excesso faz mal", diz. A especialista explica que as carnes vermelhas são uma das nossas principais fontes de ferro heme (rapidamente absorvido pelo organismo), além de conter os nove aminoácidos essenciais e serem ricas em vitamina B12, B6 e zinco.  

"A quantidade ideal deve ser estabelecida em um plano alimentar individual pelo nutricionista, que fará uma avaliação completa considerando histórico familiar, estilo de vida, alimentação diária, atividade física, medicamentos utilizados e queixas", sugere. Já os embutidos e carnes processadas devem ser evitados por não acrescentarem em nada em termos nutritivos à alimentação humana, devido à alta quantidade de aditivos químicos e sódio.

Para vegetarianos, aqueles que não consomem carne (vermelha, frango ou peixe), e veganos, que não ingerem nada de origem animal (como leite, ovos e mel), alimentar-se tem um sentido além de simplesmente nutrir-se. Para eles, as refeições são atos de consciência ambiental.  Talvez por isso, in­de­pen­den­te­men­te das de­nún­cias recentes da operação "Carne Fraca", o nú­me­ro de ve­ge­ta­ria­nos e ve­ga­nos tem cres­ci­do mun­dial­men­te. Em Por­tu­gal, to­dos os res­tau­ran­tes são obri­ga­dos a ofe­re­cer um car­dá­pio ve­ge­ta­ria­no pa­ra seus clien­tes. No Brasil, os estabelecimentos que se preocupam com esse público cresceram consideravelmente nos últimos anos.

 "Como nutricionista, devo respeitar a escolha do meu paciente caso ele seja vegetariano ou vegano. Neste caso, a orientação nutricional será feita de acordo com a escolha dele. Se os níveis de Vitamina B12, encontrada exclusivamente na proteína animal, estiverem abaixo do recomendado, incluo a suplementação do nutriente no plano alimentar, já que a carência severa da substância pode causar anemia, atrofia muscular, baixa imunidade e até danos neurológicos", explica Carla Reis.

Carla Santanapelo