Moro sobre Lewandowski: 'Cargo em ministério não deveria ter sido causa de suspeição'

Opositores ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticaram a escolha do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, para o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública, na quinta-feira (11/1). O advogado vai substituir Flávio Dino, que vai ocupar uma das cadeiras da Suprema Corte a partir de fevereiro.

A troca de posições entre o ex-juiz e o ministro foi recebida pelos adversários do petista com fortes críticas pelas redes sociais, apontando para uma suposta ligação entre o poder Judiciário e o poder Executivo. O senador Sergio Moro (União-PR), ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, por exemplo, disse que não aceitar o cargo não deveria ser motivo de suspeição.

Moro foi ex-juiz federal e responsável pela operação Lava-Jato e pelos processos que levaram Lula à prisão, em 2018. No entanto, sua atuação como magistrado foi considerada suspeita pelo STF, uma vez que com Bolsonaro vencendo as eleições daquele ano, ele ascendeu ao cargo de Ministro da Justiça. “Fica então entendido que aceitar cargo em Ministério não é e nunca deveria ter sido causa de suspeição”, escreveu.

Lewandowski foi levado ao STF por indicação de Lula em 2006, presidiu a Corte e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) entre 2014 e 2016, e conduziu o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

O ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo), destacou que a escolha do magistrado mostra uma ligação entre o STF e o Palácio do Planalto. O antigo procurador da operação Lava-Jato lembrou de decisões de Lewandowski que beneficiaram Lula durante as investigações, como a anulação das provas do acordo de leniência da Odebrecht e o encerramento de três ações penais contra o petista.

“Quando estava no STF, Lewandowski beneficiou Lula e o PT diretamente com decisões judiciais que abriram o caminho para que Lula se livrasse das ações penais e condenações criminais contra ele, permitindo que Lula se tornasse novamente elegível e pudesse concorrer à presidência da República”, disse. 

Jornal Estado de Minas Foto Agencia Senado