Estreia do monólogo 'É da carne das mulheres que nascem os homens' prende atenção de estudantes do Codefas e provoca reflexões 

A primeira apresentação do monólogo 'É da carne das mulheres que nascem os homens' da atriz Ana Vicente foi levada aos estudantes do ensino médio da rede pública no Codefas, na manhã deste sábado (28).

Atentos, os alunos fixaram o olhar na performance da atriz que levou sua proposta com seriedade levando ao público questões fortes e presentes na realidade das mulheres.  

Na visão da estudante de Ciências Sociais e palestrante do projeto sociocultural de educação antirracista 'Encrespa', Ana Luiza Souza, o monólogo foi "muito potente porque traz uma reflexão sobre as mulheres que são esquecidas e até mesmo muito próximas de nós, que acabamos não dando tanta atenção para suas trajetórias. Além disso, tem uma questão de dar a oportunidade a esses jovens de terem um contato mais próximo da arte, de trazer a arte para dentro da escola que acaba se transformando em um centro de cultura, de reflexão, de política também. Acredito que essa ação trouxe a ligação de duas questões reflexão da ancestralidade e democratização da cultura". 

O diretor do Codefas Charles Jean, que recebeu o projeto aprovado no Edital Diálogos Artísticos do Bicentenário da Bahia falou sobre a importância e a satisfação em receber o projeto na escola. "Ficamos satisfeitos em receber projetos como esse que agregam valor e conhecimento que casou muito bem com os conceitos do nosso projeto Encrespa. Foi uma comunhão entre projetos, inclusive porque estamos com a temática do Novembro Negro que trabalhamos o ano inteiro. Falar sobre ancestralidade trouxe muita riqueza para nosso projeto nesse momento e o teatro é uma linguagem que seduz, que prende a atenção do estudante", ressalta. 

Ester Muniz, que é professora de Língua Portuguesa no Codefas, ficou encantada pela forma com que o monólogo atraiu os estudantes. "Achei incrível como a Ana Vicente conseguiu prender a atenção de tantos adolescentes. O espetáculo é maravilhoso, porque traz uma inquietação que todos nós temos, de quem são nossos ancestrais, as pessoas que vieram antes de nós. Isso pode levar muita gente a agir, a procurar saber, conversar com os mais velhos da família para conhecer sua história, porque nossa história faz parte de quem nós somos, e daí sua importância", afirma a professora.  

A atriz Ana Vicente vai levar o projeto ainda para mais duas escolas da rede estadual de ensino com datas e horários a serem definidos.

O monólogo: 'É da carne das mulheres que nascem os homens' é um projeto desenvolvido no Núcleo de Teatro do Sesc Petrolina ao longo do ano de 2022. No monólogo, a atriz discute em cena questões que vêm do silenciamento das histórias das mulheres ancestrais de sua família como a construção da racialidade de mulheres pardas, os apagamentos das narrativas femininas, os fardos que permeiam a construção social de uma mulher cisgênero. Além da desconstrução dos tabus em torno do fluxo menstrual feminino, o sangue derramado nos feminicídios, numa tentativa de nomear violências efetivas e simbólicas intrínsecas na construção do ser mulher numa sociedade machista e patriarcal.  

Ascom