Empreendedores da Bahia conquistam clientes fora do Brasil com produtos tradicionais, como a farofa

A Bahia ocupa a quarta posição na lista de estados brasileiros que mais exportam produtos.]

Óleo combustível, soja, celulose em pasta e outras commodities fizeram com que a indústria baiana batesse recorde nas negociações com outros países, alcançando mais de R$ 13 bilhões em volume de negócios, no ano passado.

O cenário é animador não somente para grandes empresas, conglomerados, multinacionais, mas também para pequenos e médios empreendedores. Com produtos de maior valor agregado, as empresas baianas de menor porte estão em busca da internacionalização de seus produtos.

A cada 10 empresas mercantis brasileiras que exportam, quatro são pequenos negócios, segundo levantamento realizado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O estudo revela que 40,8% dos exportadores nacionais são microempreendedores individuais (MEI) e micro e pequenas empresas.

Segundo a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), nos últimos sete anos houve um crescimento de 95% no número de empresas de pequeno porte atendidas pelo Programa de Competitividade para Internacionalização, saltando de 465 no ano de 2016, para 907 em 2022.

“Através de mentoria e capacitações, presenciais e virtuais, orientamos as empresas de pequeno porte como trilhar o caminho para a internacionalização dos seus produtos. Estamos falando de ações que vão desde a Emissão de Certificado de Origem, a estudos de mercados alvo, de acordo com produtos ofertados, orientações para participação em rodadas de negócios e feiras internacionais, entre outros”, explicou Patrícia Orrico, gerente do Centro Internacional de Negócios da FIEB.

Neste ano, até o mês de setembro, o programa atendeu 691 empresas e a estimativa de negócios gerados ao final do ano é de R$ 22,4 milhões. Os principais mercados compradores são o Chile, Portugal, Canadá, Argentina e Estados Unidos.

“Este é um momento positivo para as empresas trabalharem a internacionalização, pois existe uma tendência de mercado de valorização de produtos ligados a territórios, origem, sustentabilidade, fabricados por famílias, associações e cooperativas, elementos que são muito fortes nas empresas baianas”, acrescentou.

O Sebrae oferece assistência para micro e pequenos empreendedores que desejam ampliar seus negócios para fora do país. Conforme o órgão, grande parte dos interessados nesse nicho são do segmento de alimentos e bebidas.

Farofa da Bahia para o mundo-Uma das empresárias baianas que investiu na internacionalização de produtos é a famosa chefe de cozinha Tereza Paim. A farofa, tão presente na mesa dos brasileiros, agora também pode ser consumida por moradores dos Estados Unidos e da Europa. Ela investiu na farofa premium gourmet, que tem feito sucesso fora do Brasil.

Pensando no desejo dos expatriados por este tipo de comida, ela começou a exportar suas receitas. “A exportação dos produtos na Bahia, posiciona a empresa Tabuleiro da Chef no mercado da saudade. Farofa está no DNA brasileiro, é um abraço à alma, e nós, brasileiros, vamos levar a farofa para o mundo", comentou.

Além de ter estabelecimentos gastronômicos bem conceituados em Salvador, Tereza comercializa, há quase um ano, deliciosas farofas artesanais em vários países. Ao todo são seis opções: Baianinha (camarão, amendoim e castanha); Sertaneja (alho, cebola e licuri); Duquesa (castanha e amendoim); Amarelinha (dendê); Verdinha (castanha e manteiga) e Branquinha (alho e cebola), que combinam como complemento em almoços, jantares e tira-gostos.

A farofa de Tereza faz sucesso no exterior por diferentes motivos, que vão além do sabor e da crocância, mas têm relação com o meio ambiente e com a economia sustentável, aspectos valorizados no mercado internacional.

A empresa dela, Tabuleiro da Chef, utiliza energia 100% limpa durante a fabricação dos produtos, oriundos da Usina Maria Tereza, parque solar localizado na cidade de Ibotirama, no oeste. Essa mesma energia abastece os restaurantes dela.

Além disso, a farinha de mandioca, base da farofa, é adquirida dos sistemas locais de agricultura familiar. “Não é comida processada. Nossas cebolas são reais, picadas e refogadas. Não há conservantes ou glutamato monossódico”, garante.

Para os parâmetros nacionais, Tereza é considerada uma empresária de médio porte. Ainda assim, ela procurou assessoria especializada em negócios externos e investiu, por exemplo, em embalagens específicas para atender aos mercados mais exigentes.

Com a Agro.BR, Agro.BR, iniciativa que ajuda pequenos empreendedores a atingir padrões internacionais para exportação de alimentos, Tereza teve acesso a treinamentos, consultoria personalizada, portfólio em cinco idiomas, e participou de rodadas de negócios.

"Acredito na força do meu produto, no potencial que ele tem, mas para conquistar outros mercados, principalmente fora do país, é preciso conhecimento específico, traçar o caminho das pedras para chegar lá".

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