Deslocamento de brasileiros em Gaza é suspenso após 'informações preocupantes', diz embaixada

O grupo de brasileiros alojado em uma escola católica na Faixa de Gaza começou a embarcar em ônibus enviados pelo governo brasileiro na madrugada deste sábado (14). Fotos divulgadas pelo Escritório de Representação do Brasil em Ramallah, na Cisjordânia, mostram adultos e crianças colocando os pertences no coletivo enquanto aguardam o sinal verde para seguir viagem até o sul da região, após a ordem de evacuação do norte estabelecida pelas forças israelenses.

Os ônibus chegaram à escola ainda na noite desta sexta, no horário local. No entanto, os brasileiros adiaram a saída da escola para garantir que o trajeto seria feito em segurança, sem bombardeios pelo caminho. A embaixada aguarda, na manhã deste sábado, um sinal verde das autoridades para deslocar o grupo.

"28 pessoas, das quais 22 brasileiros, 3 imigrantes palestinos e 3 familiares palestinos. Do total de 22 pessoas que desejam evacuação, 14 são crianças, 8 são mulheres e 6 são homens adultos. Do total de 22 pessoas que desejam evacuação, 16 se encontram na escola e 12 fora da escola. Os 12 que se encontram fora da escola estão na cidade de Khan Younes, sul da Faixa. Na escola na cidade de Gaza estão 19 brasileiros, sendo 11 crianças, 5 mulheres e 3 homens adultos", afirma a embaixada.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse nesta sexta-feira que o governo do Egito aceitou receber os brasileiros que estão na Faixa de Gaza em saída pela fronteira, ao sul do enclave. Segundo ele, a expectativa é que os brasileiros possam cruzar o local neste sábado.

"(Os brasileiros) sairiam neste ônibus, que os transportará amanhã. E, o que nós propusemos, é que saíssem e fossem levados para um aeroporto, uma localidade muito próxima da fronteira, onde um avião da Força Aérea Brasileira estará esperando".

O chanceler brasileiro falou sobre o assunto após reunião do Conselho de Segurança da ONU, que terminou sem acordo para aprovação de resolução ou comunicado.

"A ideia do governo é de retirá-los o mais rápido possível (de Gaza) e embarcá-los o mais rápido possível (em avião da Força Aérea Brasileira)", acrescentou Mauro Vieira.

Desde quinta-feira, o governo brasileiro intensificou o esforço diplomático para tentar repatriar os brasileiros. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, bem como Mauro Vieira e o Assessor Especial da Presidência, Celso Amorim, buscaram interlocução junto a egípcios e israelenses para que os brasileiros saiam em segurança de Gaza.

"Na reunião [do conselho] foi feito um chamamento de todos os países para que [o ultimato de Israel aos habitantes de Gaza] não seja implementado dessa forma, sobretudo com um espaço tão curto de tempo para que 1 milhão de pessoas saiam. Seria uma corrida para a morte. Todos os países fizeram um apelo para que houvesse um prazo maior", acrescentou o chanceler.

De acordo com o Itamaraty, o Escritório de Representação do Brasil em Ramala "identificou cerca de 20 brasileiros", na sua maioria mulheres e crianças, interessados em sua retirada da Faixa de Gaza. Parte deles permanece reunida em escola local, aguardando evacuação para o sul. A Embaixada em Tel Aviv solicitou formalmente ao Governo de Israel que não bombardeie a escola.

A outra parte do grupo estaria, segundo informação do ministério, no Sul da Faixa de Gaza, para onde muitas pessoas se deslocam após o alerta de evacuação emitido pelas forças de Israel.

O Brasil contratou veículos para transporte dos brasileiros até a fronteira egípcia tão logo seja possível a passagem por Rafah, de acordo com o governo.

Operação de repatriação-Até o momento, as aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) envolvidas na operação de repatriação transportaram 494 brasileiros. Todos estavam em Israel e retornaram em segurança ao Brasil.

A aeronave VC-2, cedida pela Presidência da República, com capacidade para 40 pessoas, está em Roma, onde espera autorização para seguir para o Egito e resgatar os brasileiros que devem sair de Gaza.

O Globo Foto ilustrativa