Artigo - A tragédia invadindo o lugar da empatia

A vida é feita de escolhas. Talvez esta seja uma das mais simples e principais frases quando se quer atribuir acontecimentos, sejam positivos ou negativos, na trajetória de um indivíduo, principalmente quando este chega à fase adulta.

Quando se remete a a algo ruim vem logo em seguida a expressão 'só lamento', ou 'sinto muito', formas mais utilizadas e quiçá a que se tem acesso com frequência. Mas, mesmo em desuso, de maneira não intencional, com menos frequência, o bom resultado é expressado por um eloquente 'ô glória', o elogio aos que alcançam vitórias; a recompensa daquele que pratica o bem.

O interessante é que as percepções alheias acontecem como uma avaliação sobre o comportamento daquele que se quer conhecer ou com quem tenha alguma relação. Os aplausos geralmente são em menos quantidade do que as vaias. É a tragédia invadindo o lugar da empatia. A satisfação não está mais em estender a mão, mas em alegrar-se com a queda.

As pessoas têm pagado para ver o que poderia ser evitado de graça. As pessoas perdem a cabeça num mundo que se encontra de ponta, como um objeto perfurante na iminência de ferir. Uma corrida maluca, sem vencedores. Assim caminha a humanidade, com dificuldades em lidar com seus conflitos, mas com facilidade em machucar e não reconhecer o próximo como o seu semelhante.

Decepção, a palavra da vez, não escolhe mais suas vítimas e cotidianamente transita em todos os ambientes. Sentimento negativo de tristeza e mágoa remete a engano e ingratidão.

Como na vida tudo passa, o correto é acreditar que existe de fato a resiliência, a capacidade de voltar ao normal. Se apegar e fazer o bem sem olhar a quem também é uma maneira de manter longe as agruras, as desilusões e frustrações.

No resto, é vida que segue...

Por Gervásio Lima

Jornalista e historiador