Construção de viveiros de plantas nativas ajudam na recuperação dos biomas da bacia do São Francisco

“A floresta em pé é mais interessante, importante, econômica e eficaz”, afirma o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Maciel Oliveira. Por isso, com os recursos oriundos da cobrança pelo uso da água bruta da bacia do São Francisco, o CBHSF vem investindo sistematicamente em obras que visam a preservação e recuperação das margens do rio e da sua vegetação nativa.

As futuras e atuais gerações já dependem diretamente do que se faz hoje para garantir a melhoria da quantidade e qualidade de água ofertada na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Entendendo a situação urgente, o CBHSF investe também na construção de viveiros de plantas nativas para garantir que as populações possam se qualificar e produzir em grande escala espécies de cada região que auxiliem para o reflorestamento da mata ciliar.

Ao longo dos anos, o CBHSF já implantou esses espaços em cidades como Lapão, no médio São Francisco, Patos de Minas, no Alto São Francisco, Santana do Ipanema e Piaçabuçu, no Baixo, e Jaguarari, no Submédio – os dois últimos seguem em fase de conclusão. Em todas as cidades o projeto serve para o plantio de mudas nativas e frutíferas que auxiliam ações ambientais ao longo do leito do rio e ainda podem gerar renda para centenas de famílias que fazem também o beneficiamento dos frutos.

Em Lapão (BA), o projeto “Produzindo mudas para a recomposição da Caatinga” instalado dentro da estrutura do Parque da Cidade, pretende diversificar a produção agrícola da região e incentivar a fruticultura. O novo viveiro oferta à população mudas de espécies nativas para a recomposição da Caatinga, estimulando o reflorestamento em áreas degradadas, especialmente em morros e encostas, ajudando a mudar o processo de desertificação no Território de Irecê, um dos mais atingidos pelo desmatamento no Estado da Bahia.

Em Santana do Ipanema, o viveiro florestal de produção de mudas é irrigado com sistema de reuso da água tratada na Estação de Tratamento de Efluentes (ETE). Já no município mineiro de Patos de Minas, uma parceria entre o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), a Agência Peixe Vivo, o Instituto Estadual de Florestas (IEF), responsável pelo viveiro, e a Prefeitura de Patos de Minas garantiu espaço e capacidade para triplicar a produção de mudas destinadas à recuperação do Velho Chico, passando de 200 mil mudas/ano para 700 mil. O viveiro que produz cerca de 500 espécies do Cerrado foi reformado em uma ação financiada pelo CBHSF para atender matas ciliares, nascentes, áreas degradadas, recarga hídrica e programas de educação ambiental para as comunidades rurais.

“É preciso pensar em continuidade de forma a garantir a importância dos viveiros. Acredito muito no sucesso desses locais a partir dos cuidados dados por comunidades tradicionais que vestem a camisa quando se fala em preservação do meio ambiente. Então esses espaços são vitais tanto para a geração de renda como também para se pensar no futuro, entendendo que o avanço do desmatamento e do setor imobiliário é grande, o que por vezes acaba com as plantas nativas. Por isso, acredito muito que além de criar os viveiros é tão fundamental quanto, o cuidado deles, ou seja quem vai ficar responsável pela governança. Com isso, entendo como primordial a participação e o empoderamento das comunidades tradicionais que entendem e vivem todos os conceitos de preservação”, afirmou o ambientalista, especialista em Desenvolvimento Sustentável do Semiárido Brasileiro, Jorge Izidro.

Na cidade de Piaçabuçu, em Alagoas, onde funciona a Associação Aroeira, o Projeto de Educação Ambiental e Reflorestamento Bosque Berçário das Águas está em andamento e já colocou em funcionamento parte do viveiro que fornece mudas para o reflorestamento de Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal na região da foz do rio São Francisco, em Piaçabuçu e Brejo Grande/SE, recuperando o ecossistema nativo com foco no extrativismo sustentável e educação ambiental dos beneficiários.

O presidente do CBHSF reforça ainda que manter as árvores de pé é essencial para a preservação da Bacia do Rio São Francisco. “Precisamos ter árvores, cuidar pela preservação ambiental e por isso, os viveiros são essenciais para que haja repovoamento de forma antrópica, com o plantio nas margens dos rios, lagoas, nascentes, áreas de preservação permanente. Como exemplo, o projeto berçário das águas na região da foz do São Francisco além de fazer o replantio de espécies nativas que vão ser preservadas pelas populações, vai possibilitar que essas comunidades possam sobreviver através do beneficiamento de frutos como a cajarana, cajá, pimenta rosa, entre muitas outras árvores e espécies nativas que já estão sendo produzidas”, acrescentou Oliveira.

O viveiro de mudas em Piaçabuçu tem a capacidade de produção de 115.000 mudas ao ano. “Aqui temos em média 13 pessoas já trabalhando no viveiro produzindo diversas variedades de frutas nativas que são beneficiadas e viram doces, geleias, compotas, bolos, entre muitos outros produtos. Então, esse é um importante espaço que representa literalmente nosso futuro”, destacou a presidenta da Associação Aroeira, Maria Patrícia Santos Vilela.

As construções dos viveiros fazem parte das obras de requalificação ambiental que atendem as demandas das comunidades. As obras são financiadas integralmente pelo CBHSF.

 

CHBSF Texto Juciana Cavalcante Fotos: Deisy Nascimento; Bianca Aun