Artigo: Um ano que não deve ser esquecido

O ano de 2020 não deve ser esquecido, pois trouxe inúmeros e significativos ensinamentos ao mundo, evidenciando as fragilidades e os limites da humanidade, da sua organização estrutural e das perversas, acintosas e desumanas desigualdades sociais.

Apresenta-se como um período de ressignificação que exige uma reflexão ética que converge para ser transformadora no século 21, matriz catalisadora de mudanças relevantes, se conduzida como a seriedade requer, com propósito, coerência e consistência.

Ano memorial em que o Imip comemorou 60 anos de existência, 2020 significou um espaço de tempo que exigiu expressiva superação, testando ao extremo a gestão e estrutura institucional na sua capacidade estratégica de governança, resistência, resiliência e resposta operacional resolutiva. Mas aprendemos a crescer nas adversidades, onde as práticas para se reinventar e produzir são instrumentos expressos diariamente, representando as credenciais de uma travessia sexagenária.

No objetivo de reunir forças, potencializar competências e habilidades coletivas para alcançar os resultados positivos, foi essencial se apoiar nos ensinamentos do Professor Fernando Figueira, notadamente no que defende o direito à vida como bem maior de todos os outros, muito mais além do que se imagina. Diante do contexto acentuadamente tensionado pela magnitude e rapidez dos acontecimentos da maior crise sanitária dos últimos 100 anos, o cenário impactante reafirmou nossos valores, princípios e compromisso social junto à população e ao SUS, ratificando a cultura institucional certificada ao longo de seis décadas, apoiada na trilogia ciência, humanismo e ética.

Representa, também, uma vocação da instituição à integralidade, solidariedade e fidelidade às suas origens, que se mantêm firmes e inflexíveis aos ideais e concepções humanística, que serão somadas para o enfretamento de uma demanda represada pela pandemia, acentuada por um resultante aumento na vulnerabilidade social e, consequentemente, no número de usuários no sistema público de saúde.

No entanto, todo o trabalho institucional e os bons resultados advindos não resultam apenas da qualidade técnica profissional e interacional, porte estrutural e tecnológico, capacidade gerencial e pactuação junto aos órgãos públicos gestores da saúde que, por si só, associam competência, qualidade, eficácia, talento e compromisso. São igualmente compartilhadas como consequência de grandes, importantes e inúmeras participações de representantes legislativos estaduais e federais, veículos de comunicação, empresas e sociedade civil, essa última por meio de associações, grupos e iniciativas individuais.

A todos, creditamos e agradecemos aos importantes e diversas colaborações, registrando institucionalmente nosso reconhecimento, carinho e respeito pelas parcerias solidárias, com a convicção de que permaneceremos juntos para responder, exitosamente e com sustentabilidade, ao inquietante e desafiante futuro que se aproxima, contribuindo para o fortalecimento do SUS.

Tereza Campos-Superintendente Geral do Imip