Fome e seca assolam cidades de Alagoas, mais de 200 mil alagoanos estão sofrendo com a falta de água

Cerca de um terço dos municípios de Alagoas decretou emergência por causa da seca. Isso significa que não tem água nem para o básico, nas casas de 200 mil pessoas. Açudes sem água, chão rachado, vegetação sem cor. Esse é o retrato da seca em Alagoas: 38 dos 102 municípios estão em situação de emergência. Para ter um pouco de água, Izamar gasta seis horas do seu dia num carro de boi.

“É para o gado, para o gasto, é para tudo. Para tudo, tudo mesmo”, diz o agricultor Izamar Derto Rocha. Dentro de casa, para lavar a louça, a água é contada. “Fica difícil, muito difícil até para a gente beber. Não pode tomar água à vontade porque que tem que economizar”, conta a também agricultora Marinalva Derto Rocha. Na geladeira da Maria José da Conceição, nenhuma garrafa de água. Ela usou tudo o que tinha para fazer o almoço. “É o que tem para comer hoje. É o arroz cozinhado, por causa da água, que não tem água para fazer a comida”, conta a dona de casa.

A cisterna é grande, tem capacidade para 16 mil litros de água por dia, mas está seca a oito meses. Enquanto isso, os donos dela precisam se virar com apenas 30 litros de água por dia para fazer de tudo na casa. Segundo a Defesa Civil, 200 mil pessoas estão sofrendo com a falta d’água. Gente que sobrevive com um quinto do volume de água necessário para suprir as necessidades mais básicas.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, o ideal seriam cem litros de água por dia, e por pessoa. Em todo o sertão, a média de consumo é de 20 litros. “Não pode tomar banho. Se tomar banho a pessoa não cozinha nem bebe. Os meninos vão para a escola, tem que ir tudo ‘rajadinho’, que não tem água”, diz a dona de casa Iolanda Santos Lima.

Quando tem água, como em um açude, ela não serve para o consumo. “A gente não pode viver sem água”.

“Vai vivendo e sofrendo nessa vida aqui, mas é isso mesmo, é complicado”.

Jornal Nacional Foto: Agencia Brasil