Nordeste é região com maior número de ataques a carro-forte em 2018; Na Bahia foram dez ataques

O Nordeste concentra o maior número de ataques a carros-fortes nos últimos três anos no Brasil. Foram 34 casos na região em 2016, 56 ações em 2017 e 46 ocorrências apenas nos seis primeiros meses de 2018.

Os números são de um levantamento feito pelo G1 com base em dados da Associação Brasileira de Transporte de Valores (ABTV) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores de Segurança Privada (Contrasp).Os estados da Bahia, do Ceará e de Pernambuco são os que mais concentraram ataques neste ano.

Na Bahia foram dez ataques a carros-fortes e um contra uma base operacional. Na ação contra empresa de valores em Eunápolis, um vigilante morreu e seis ficaram feridos. Outro caso emblemático ocorreu na BR-407, em trecho da rodovia que liga os distritos de Juremal e Massaroca, na Zona Rural de Juazeiro. Cerca de 20 homens em três carros interceptaram e explodiram um carro-forte. 

A explosão foi tão forte que pedaços do carro-forte ficaram espalhados pela pista. Além de explodir o veículo, os criminosos ainda bloquearam um trecho da rodovia com uma carreta e espalharam "miguelitos", objetos pontiagudos feitos com pregos, no local. Veja todos os ataques no estado.

Essa modalidade criminosa, de atacar carros-fortes no Nordeste, está sendo chamada de "novo cangaço", numa alusão ao histórico bando de Lampião, que levava o terror a algumas cidades do sertão nordestino.

A Associação Brasileira de Transporte de Valores informa que a explicação para o Nordeste registrar a maior parte dos ataques está nas estradas esburacadas em regiões inóspitas, praticamente sem fiscalização. Tendo de percorrer grandes distâncias em velocidades mais baixas, os carros-fortes se tornam alvos fáceis para quadrilhas que bloqueiam rodovias e explodem os veículos para roubar dinheiro.

“Há dez anos havia ataques em grandes centros urbanos. Hoje em dia, eles estão ocorrendo especialmente no interior do Nordeste e nas estradas do sertão nordestino, que têm más condições de rodagem, e os carros têm de circular numa velocidade mais baixa”, diz Ruben Schechter, presidente da ABTV. “Isso fragiliza a ação de transportes de valores e facilita a ação dos criminosos”.

A Secretaria de Segurança Pública da Bahia alega a maior parte das estradas por onde os carros-fortes passam não tem fiscalização policial porque as empresas não informam as rotas e horários de trânsito dos seus veículos. "Elas se negam a dar as informações, com a alegação de que a polícia pode vazar para bandidos." A Polícia Rodoviária Federal (PRF) da Bahia não quis se manifestar sobre o assunto.

G1