ARTIGO - O BAILE FUNK E A LICENÇA PARA MATAR
A barbárie de Paraisópolis nada mais é do que resultado do ódio de classe cultivado pela burguesia brasileira, cuja mentalidade é ainda aquela do antigo senhor de escravos, a quem era dado, entre outras coisas, a prerrogativa de decidir sobre a vida e sobre a morte.
O atual burguês encara a favela com a mesma sensação com que o senhor de engenho encarava a antiga senzala. Ou seja, como propriedade sua, sujeita à exploração, ao constrangimento, e, se preciso, à eliminação física. Os lundus das senzalas de então podem ser os bailes funk das quebradas de hoje. De contrapartida, o chicote e o pelourinho de outrora podem ser o camburão e o fuzil desses dias em que vivemos. ..