Nesta sexta-feira (23), é lembrado o Dia Nacional do Surdo-Mudo, deficiência que afeta a fala e a audição ao mesmo tempo. A data tem o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a importância desta condição e de reivindicar medidas que incluam essas pessoas de forma eficiente.
A maioria dos surdos tecnicamente não são mudos (exceto nos casos em que também haja deficiência na fala), e que um surdo até pode ficar sem falar quando não faz os exercícios necessários para tornar-se um "surdo oralizado".
A maior parte dos deficientes auditivos não são mudos, mas apenas não recebem os adequados estímulos para suprir o referencial perdido com a falta da audição, fazendo com que eles possam se tornar surdos oralizados, visto que, muitos têm voz e conseguem falar se forem estimulados por fonoaudiólogos.
Quando uma criança nasce com problemas de audição é preciso estimulá-la desde cedo para que aprenda a falar. Mesmo que essa percepção se faça tardiamente, ainda assim, as chances do aprendizado da fala são grandes.
Muitas pessoas erroneamente acreditam que o surdo-mudo vive isolado por conta de suas limitações de audição e fala, o que pode dificultar a comunicação, tanto que a doutrina no Direito Civil, somente considera que um surdo mudo somente poderia ser considerado incapaz para os atos da vida civil, se não tiver sido estimulado o suficiente para alcançar uma boa comunicação com o mundo exterior.
Os surdos-mudos podem realizar muitos tipos de atividades, basta que desenvolvam outros sentidos e que sejam estimulados. A integração dessas pessoas na sociedade é de suma importância, por isso é preciso respeitá-las e reconhecer seus direitos. Daí uma urgente necessidade de que a sociedade aprenda mais também sobre os deficientes auditivos e de fala.
Ao tratar com um surdo ou surdo-mudo, leve sempre em conta as seguintes dicas:
Não é correto dizer que alguém é surdo-mudo apenas porque ela também não fala. Muitas pessoas surdas não falam porque não aprenderam ou não lhes foi ensinado a falar. Muitas fazem a leitura labial, e podem fazer muitos sons com a garganta, ao rir, e mesmo ao gestualizar. Além disso, sua comunicação envolve todo o seu espaço, através da expressão facial-corporal, ou seja, o uso da face, mãos, e braços, visto que, a forma de expressão visual-espacial é, sobretudo, importante em sua língua natural.
Quando se comunicar com uma pessoa surda ou surda-muda, falar de maneira clara, pronunciando bem as palavras, sem exageros, usando a velocidade normal, a não ser que ela peça para falar mais devagar.
Usar um tom normal de voz, a não ser que peçam para falar mais alto. Gritar quase que nunca adianta.
Fazer com que a boca esteja bem visível. Gesticular ou segurar algo em frente à boca torna impossível a leitura labial. Usar bigode também atrapalha.
Falar diretamente com a pessoa, não de lado ou atrás dela. Quando falar com uma pessoa surda ou surda-muda, tente ficar num lugar iluminado e evite ficar contra a luz (de uma janela, por exemplo), pois isso dificulta a visão do rosto.
Se souber alguma língua de sinais, tente usá-la. Se a pessoa surda ou surda-muda tiver dificuldade em entender, avisará. De modo geral, as tentativas são apreciadas e estimuladas.
Ser expressivo ao falar. Como as pessoas surdas ou surdas-mudas não podem ouvir mudanças sutis de tom de voz, que indicam sentimentos de alegria, tristeza, sarcasmo ou seriedade, as expressões faciais, os gestos ou sinais e o movimento do corpo são excelentes indicações do que se quer dizer.
Quando conversar com um surdo ou surdo-mudo, manter sempre contato visual, pois, se desviar o olhar, a pessoa surda ou surda-muda pode achar que a conversa terminou.
Pela dificuldade com a falta do referencial da voz humana, nem sempre a pessoa surda tem uma boa dicção. Se houver dificuldade em compreender o que ela diz, pedir para que repita. Geralmente, os surdos não se incomodam de repetir quantas vezes for preciso para que sejam entendidos.
Se for necessário, comunicar-se através de bilhetes. O importante é se comunicar. O método não é tão importante.
Quando o surdo ou surdo-mudo estiver acompanhado de um intérprete, dirigir-se a ele, não ao intérprete.
Alguns surdos ou surdos-mudos preferem a comunicação escrita, alguns usam linguagem em código e outros preferem códigos próprios. Estes métodos podem ser lentos, requerem paciência e concentração.
Anna Monteiro-IMIP -
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