Briga entre os pais, o primeiro dia de aula em uma nova escola, lidar com a morte de alguém querido, ter muitas aulas e cursos extras e viver em um bairro violento e perigoso são alguns dos principais exemplos do estresse infantil. Tudo isso pode deixar a criança em estado de alerta. O que não é de todo mal, já que o estresse prepara o corpo para enfrentar um perigo iminente. O problema é a repetição contínua desse estado de alerta. Ficar com esse sistema de defesa ligado por muito tempo, ou repetidamente, não é nada saudável, pois poderá afetar, por exemplo, o seu desenvolvimento socioemocional.
Como às vezes não é possível evitar que a criança passe pelo estresse, a atuação dos responsáveis por ela nos episódios ajudará a criança a enfrentar o problema e a estabelecer o jeito como ela vai lidar com as situações de estresse que aparecerem ao longo de sua vida. Em outras palavras, com apoio dos pais, com afeto, com colo, com o chamado apego seguro, as crianças reagem melhor ao estresse.
Entenda melhor como lidar com situações de estresse no seu filho pequeno e como o papel dos responsáveis é determinante nessa relação:
Como as crianças demonstram estresse? Há várias mudanças no comportamento que podem demonstrar que o seu filho está sendo afetado pelo estresse, como voltar a fazer xixi na cama, ficar birrento, tornar-se agressivo, chorar por nada, ser mais briguento, ficar mais tímido ou amedrontado, ter pesadelos, mostrar nervosismo. Também podem se manifestar dores físicas, como dor no estômago e tontura, e distúrbios alimentares.
Mas esses comportamentos não podem ser analisados isoladamente. Por isso, é importante que os pais fiquem ligados aos sinais e ao que o filho diz aos pais. No caso dos recém-nascidos, pequenas ações como permitir que o bebê chore sem consolo, não amamentar o bebê que está com fome, não oferecer conforto quando está angustiado, limitar contato corporal com ele (durante mamadas ou a noite), não dar atenção, estimulação, conversação e brincadeiras, podem gerar situações estressantes para eles.
Como ajudar o filho num momento de estresse? Estando presente, dando carinho e mantendo um bom ambiente familiar. Pode parecer senso comum, mas a importância da presença dos pais ao lado da criança na hora das situações de estresse é baseada em fatos científicos. O abraço e o beijo, assim como o ato de amamentação, produzem ocitocina, um hormônio que influencia a formação cerebral, está ligado à capacidade de vínculo e ajuda a acalmar situações estressantes.
Essas carícias e atenção dos pais são reflexos do que os cientistas classificam como apego, teoria desenvolvida nas décadas de 50 e 60 por John Bowlby e Mary Ainsworth, que mostrou a importância de um cuidado afetuoso na infância para o desenvolvimento pleno da criança. Em termos práticos, significa acolher o bebê e tentar minimizar as suas necessidades quando ele começa a chorar - e não deixá-lo de lado com medo de "mimá-lo".
O que acontece com as crianças que não aprendem a lidar com o estresse?
Ela estará mais suscetível a tornar-se uma pessoa insegura, de baixa autoestima e baixa autoconfiança, mais ansiosa e pessimista, com comportamentos mais agressivos ou passivos e com tendências a desenvolver fobias ou crises de pânico, alto risco de infarto e diabetes.
Pais que superprotegem as crianças também não estão ajudando-as a se desenvolverem, já que impedem que elas saibam como lidar com essas situações adversas ao longo da vida, tornando-as inseguras e sem nenhuma autodefesa. O sofrimento é maior. Aquela pessoa que sempre foi poupada está mais despreparada e este despreparo aparece em muitos de seus pânicos e medos. A longo prazo, por exemplo, as dores que a criança sente em situações estressantes, como dor de cabeça ou de barriga, podem se tornar crônicas ou mesmo uma desculpa.
Anna Monteiro-Hospital Dom Malan/IMIP -
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