A chefe de parcerias jornalísticas do Facebook, a americana Campbell Brown, afirmou que as empresas de jornalismo que considerarem que estar na rede social não é bom para seus negócios não devem ficar no Facebook.
"O meu trabalho não é deixar feliz os publishers [das companhias jornalísticas]. O meu trabalho é garantir que exista notícias de qualidade no Facebook. E que os publishers que estão no Facebook tenham um modelo de negócio que funcione", afirmou Brown, contratada pela empresa no fim de 2016, em meio à crise das notícias falsas durante a eleição americana.
A declaração da ex-âncora da CNN, em evento nos EUA sobre mídia, acontece um mês depois de a maior rede social do mundo anunciar que o seu algoritmo passou a privilegiar conteúdos de interação pessoal, em detrimento dos distribuídos por empresas, como as que produzem jornalismo profissional.
Na quinta-feira (8), a Folha de S.Paulo deixou de publicar seu conteúdo no Facebook. A decisão é reflexo de discussões internas sobre os melhores caminhos para fazer com que o conteúdo do jornal chegue aos seus leitores, preocupação que consta do novo Projeto Editorial do jornal.
Questionada no evento na Califórnia sobre a decisão da Folha, a executiva do Facebook afirmou que "o jornal não vem sendo muito participativo no Facebook por um bom tempo. Então, para ser bem sincera, isso não foi nenhuma surpresa para mim".
Não é verdade que a Folha havia deixado de publicar regularmente no Facebook. Até anunciar sua decisão, o jornal postava cerca de 60 vezes por dia em sua página oficial. Com 5,95 milhões de seguidores, a Folha era o maior jornal brasileiro na rede social. Os leitores podem continuar compartilhando conteúdo do jornal em suas páginas pessoais do Facebook.
No mesmo evento, Adam Mosseri, responsável pelo feed do Facebook, afirmou não conhecer os detalhes envolvendo a decisão da Folha, mas que, se a saída de jornais da rede social se tornar uma "tendência generalizada", será um motivo de preocupação para a empresa. "Notícias são algo que interessam para muita gente. Eu não vejo um mundo em que não exista notícia no Facebook e certamente não vamos pressionar para que isso aconteça", disse Mosseri.
Ao anunciar a mudança no algoritmo em janeiro, o presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, afirmou que a decisão visava "garantir que nossos produtos não são apenas divertidos mas também bons para as pessoas". Desde que a mudança foi divulgada, as ações do Facebook acumulam queda de 3,47% na Bolsa de Valores dos Estados Unidos.
Folha Press
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