Um rapaz de 27 anos, suspeito de plagiar a sinopse de um livro na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2017, confessou à Polícia Federal, em depoimento, que copiou na própria prova um texto que achou na internet através do celular. A informação é da Polícia Federal que, após anunciar o cumprimento de buscas e apreensão na casa do suspeito, realizou uma coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (19), em Salvador, para dar mais detalhes do caso.
Na casa do suspeito, localizada no bairro Macaúbas, na capital baiana, além do celular, a polícia encontrou o rascunho da prova de redação, onde também constava o trecho do livro. O nome do rapaz não foi divulgado, mas a polícia detalhou que ele trabalha como vendedor e já é estudante de Engenharia Civil de uma faculdade particular de Salvador.
De acordo com a PF, o rapaz disse, em depoimento, que agiu sozinho e que conseguiu burlar a entrada dele na sala de prova com o celular escondido na cintura. O suspeito fez as provas no Pavilhão VI da Universidade Federal da Bahia (UFBA), localizado no bairro da Federação, em Salvador.
Ele informou à polícia que ao ver o tema da redação, resolveu fazer a pesquisa do tema pela internet e apareceu um trecho do livro que ele copiou. Disse também que mesmo enquanto os fiscais passavam entre os candidatos na sala, ele disfarçava e escondia o aparelho eletrônico entre as pernas.
A delegada da Polícia Federal que é responsável pelo caso, Suzana Jacobina, disse que o caso foi isolado, mas que a polícia vai identificar os fiscais e chamá-los para depoimento. Além disso, o celular do rapaz foi levado para perícia. Não há detalhes de quando será o resultado da análise.
"Ele confessou. Disse que estava só testando os conhecimentos, mas que acabou ficando nervoso por não saber do assunto e decidiu fazendo uma pesquisa no celular. A falha [entrar na sala com celular] foi pontual, não identificamos a participação de organização criminosa e o Enem não será cancelado. Já ele foi eliminado da prova. Ontem quando foram divulgados os resultados das provas, ele também pode ver a nota dele e percebeu que a redação estava zerada. Quando foi hoje fizemos as buscas na casa dele", explicou a delegada.
Em nota, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informou que as investigações realizadas pela PF são subsidiadas pela autarquia, como parte do Acordo de Cooperação celebrado entre os dois órgãos. Ainda segundo o Inep, a Policia Federal acompanha todo o processo de aplicação das Provas do Enem.
O órgão destacou que, por meio da banca responsável pela correção das provas, identificou que, na prova de redação, o candidato investigado havia plagiado a sinopse do livro “Redação de Surdos”: Uma jornada em Busca da Avaliação Escrita”, e oficializou o fato ao Departamento de Policia Federal, para a devida investigação. O Inep disse também que será notificado pela PF, após a conclusão das investigações, e que, a partir do que for constatado, adotará as providências cabíveis, delimitando as responsabilidades, eliminando eventuais beneficiários de esquemas de fraudes na edição de 2017 do Enem.
Na nota, o Inep reiterou "ter adotado todas as medidas para uma aplicação segura, com os requisitos de segurança exigidos para garantir a isonomia entre os participantes que foram adotadas em 2016 e reforçadas em 2017". Segundo o órgão, na edição de 2017, pela primeira vez, as provas foram personalizadas, com identificação do nome e número de inscrição do participante. Além disso, foi usado, de forma inédita, um detector de ponto eletrônico. Outros itens de segurança foram mantidos, como a identificarão biométrica, detector de metal nas portas dos banheiros; e escoltas para entrega das provas, inclusive, no retorno. O órgão conclui a nota, dizendo que novas medidas de segurança serão implementadas na edição de 2018.
Foto: Divulgação Polícia Federal
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