Dois dias de trabalho intenso, com oficina, espetáculo, palestra, demonstrações artísticas e muitas pontes desenhadas. Foi assim a primeira edição do Pontes Flutuantes – diálogos para cena, realizado pela Cia Biruta de Teatro, em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), nos dias 12 e 13 de dezembro. Uma semana após o evento, que contou com a participação de grandes nomes do teatro mundial, os organizadores já avaliam o projeto e refletem sobre o legado deixado por ele.
O Pontes Flutuantes colocou Petrolina e a região na rota do diretor italiano, Eugênio Barba, e da atriz inglesa, Julia Varley, ambos integrantes do grupo de teatro Odin Teatret e convidados do projeto. Os dois artistas, que fazem uma circulação em diversos países do mundo, estiveram no Vale do São Francisco pela primeira vez para compartilhar um pouco do conhecimento que acumularam ao logo de cinco décadas de teatro.
“Eugênio e Julia com certeza inspiraram e motivaram os participantes a buscar uma linguagem estética do teatro com foco no corpo e na energia do ator em cena. Foram dias de muito aprendizado sobre a técnica, o que Eugênio chama de ‘armas’ do teatro e que consiste na elaboração de um saber fazer, e também sobre uma pedagogia capaz de transmitir esse conhecimento empírico e promover a sustentabilidade dos grupos e do próprio fazer teatral”, avalia a atriz Cristiane Crispim, uma das organizadoras do evento, sobre a contribuição dos artistas para a cena teatral da região.
De acordo com o diretor teatral e organizador do Pontes Flutuantes, Antônio Veronaldo, toda a programação contou com uma ampla representatividade de grupos locais, o que enriqueceu o evento e serviu como ferramenta motivadora para a cena teatral do Vale do São Francisco. “Gerações mais antigas e mais jovens encontraram grandes artistas e tiveram contato com as metodologias de um grupo internacional que tem uma bagagem pedagógica e autoral fundamental para se compreender a arte do ator”.
Para Eugênio Barba, a impressão que ficou foi de uma boa organização e a motivação dos grupos participantes. “Foi muito belo e gratificante para mim ter esse encontro e poder falar da condição que os grupos de teatro compartilham, apesar dos diferentes contextos culturais. Eu espero que essa experiência e a nossa presença ajude os grupos da região a colaborar mais entre si, sobretudo no que diz respeito ao aprofundamento do conhecimento técnico do ator”.
A participação do público no evento garantiu, não apenas a troca de experiências entre os diferentes grupos, mencionada por Eugênio Barba, mas um mapeamento das cidades de grande potencial artístico na área teatral, no entorno do Vale do São Francisco e na região do Cariri, como Petrolina (PE), Senhor do Bonfim (BA) e Juazeiro do Norte (CE). “Essas foram as cidades como maior representação no evento e isso gera a perspectiva da criação de uma rede de diálogo sobre o fazer teatral a partir do evento, sem dúvida. Os desdobramentos do Pontes Flutuantes ainda não sabemos, mas com certeza serão atravessados pelos encontros provocados nessa primeira experiência”, revela Cristiane Crispim.
Ascom
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