As tecnologias para captação e manejo de água da chuva e o tratamento de água superficiais com uso de coagulante à base de polímero natural, para consumo humano, desenvolvidos pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), em parceria com outras instituições, foram apresentadas a um grupo de funcionários do governo de Moçambique que está em visita a Juazeiro, no norte da Bahia. Eles vieram conhecer ações de segurança hídrica desenvolvidas na região que podem ser úteis ao país africano.
A delegação moçambicana, formada por dez grupos, composto por técnicos e pesquisadores, distribuídos por todo o Brasil e coordenados pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia, está em missão de cooperação internacional com o governo brasileiro. O objetivo é conhecer as novas tecnologias de tratamento de água de baixo custo que estão sendo desenvolvidas na região semiárida brasileira. Na Superintendência Regional da Codevasf em Juazeiro, o grupo assistiu a uma palestra ministrada pelo Analista de Desenvolvimento Regional Joselito Menezes de Souza.
"O encontro foi muito interessante, considerando a similaridade entre a realidade da região norte baiana e Moçambique, como a presença de uma região semiárida e população rural difusa. Os técnicos de Moçambique viram essas técnicas como promissoras para comunidade rurais, e que trará benefícios àquela população", afirma Menezes.
Para um dos técnicos do grupo, Leonel Armando Jaime Manhique, professor do Instituto Médio de Boane, essa é uma experiência que trará ganhos para Moçambique. "Em muitas regiões a água potável é insuficiente para atender a todos os moradores. Tendo essa oportunidade de ver como essa tecnologia pode reaproveitar esse recurso que está cada vez mais escasso, é um ganho para nós. Poderemos incentivar o nosso governo a adotar essa política, uma vez que gastamos muito dinheiro para adquirir água potável na nossa região", conta Manhique.
Captação de água da chuva e tratamento de águas superficiais
O abastecimento ocorre durante os períodos chuvosos: a água da chuva é captada no telhado das edificações e conduzida, por meio de um sistema de calhas e tubos, para o interior de um reservatório. O sistema desenvolvido pela Codevasf possui diversos dispositivos de proteção sanitária, a exemplo de separadores, desvio da primeira água, filtros, redutores de turbulência e dosadores de cloro em pastilha, que possibilitam o tratamento da água de chuva conforme o disposto na Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde. Com isso, além da observância de cuidados básicos que são comunicados aos beneficiados por esse sistema em treinamentos específicos, a água se torna própria para ingestão e o preparo de alimentos.
Quanto ao tratamento de águas de superfície, recomenda-se o uso de coagulante alternativo à base de polímero natural tendo em vista a eficiência e a facilidade no manejo em condições adversas. Essa tecnologia, destinada ao tratamento de água em comunidades rurais difusas, já é usada por instituições de cooperação internacional em países da África e da Ásia.
O sistema simplificado de tratamento da água compreende três etapas, sendo a primeira a reserva do líquido em um local onde será adicionado e misturado o coagulante. A segunda inclui a filtração e a terceira é o armazenamento com adição de cloro. Segundo pesquisas realizadas por universidades brasileiras, o coagulante alternativo retira sedimentos presentes na água, como argila e areia, reduzindo a cor e turbidez, além de remover contaminantes químicos.
Estudos desenvolvidos no Brasil mostraram que 50 a 100 gramas do coagulante são suficientes para o tratamento de mil litros de água com elevada turbidez com eficiência superior aos produtos convencionais.
Ascom Embrapa Foto: Ilustração
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