Salvador é a cidade do Nordeste onde a mulher mais sofre violência doméstica física. Isso dá uma em cada cinco mulheres soteropolitanas vítima de algum tipo de violência doméstica ao longo da vida. Salvador, Natal e Fortaleza lideram, com prevalência de 19,76%, 19,37% e 18,97%, respectivamente. Os dados são da pesquisa Condições Socioeconômicas e Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, realizada pela Universidade Federal do Ceará (UFC), pelo Institute for Advanced Study in Toulouse e o Instituto Maria da Penha.
De acordo com o estudo, 3 em cada 10 mulheres nordestinas (27%), com idades entre 15 e 49 anos, já foram vítimas de violência doméstica ao longo da vida e uma em cada 10 nordestinas (17%) foi agredida fisicamente pelo menos uma vez na vida. As mulheres foram questionadas sobre a ocorrência de violência emocional, física e sexual, tanto ao longo da vida como nos últimos 12 meses.
Para a pesquisadora Márcia Tavares, do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (Neim) e coordenadora do Observatório da Lei Maria da Penha, a posição de Salvador é resultado de uma combinação de fatores, como os traços patriarcais fortes na cultura soteropolitana e o reflexo disso nas instituições que deveriam proteger as mulheres da violência. “Existe uma rede de proteção precária e fragmentada no estado. Isso contribui para a impunidade de homens que agridem parceiras e ex-parceiras”, diz ela.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o combate à violência doméstica deve ter início com a educação das crianças e ressaltou a criação da Operação Ronda Maria da Penha. “No período apresentado na pesquisa, mais de R$ 8 milhões foram investidos em construção, reformas, estruturas e contratações direcionadas à prevenção e ao combate à violência doméstica.”
Instituto Maria da Penha/UFCE
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