Nos barracos da cidade/ Ninguém mais tem ilusão/ No poder da autoridade/ De tomar a decisão. Este fragmento da música de Gilberto Gil, me fez lembrar de como as autoridades locais, tem tratado alguns problemas em Juazeiro. A implantação dos novos semáforos nas proximidades da Ponte Presidente Dutra, os acessos à ponte mencionada, a implantação da zona azul e, a mudança na forma de cobrança na taxa de lixo, dão a dimensão de como os munícipes são tratados nas discussões desses projetos.
No tocante aos acessos à Ponte Presidente Dutra, depois de vários anos a fio, da duplicação da mesma, tivemos a grande ideia de fazer o acesso de ida, e ao mesmo tempo, manter um estacionamento ao lado da estrutura de acesso à ponte, colaborando irracionalmente, para o engarrafamento de veículos naquelas imediações, próximas ao acesso, no sentido de quem se dirige a Petrolina.
Exaustos e cansados dessas estratagemas, eis que os nossos gestores nos presenteiam com mais uma ideia tirada da cartola, onde, mais uma vez, sacramenta os engarrafamentos na nossa cidade, e para o nosso conforto e deleite, armam de implantar um semáforo justamente nas proximidades do acesso à Petrolina, ao lado do Banco do Brasil, fazendo com que o engarrafamento já existente, seja superdimensionado e tenha consequências danosas para a população, principalmente, nos momentos de pico, indo além do alto do cruzeiro; e do outro lado da ponte, chegando a atingir, à vizinha cidade de Petrolina.
Tudo bem, não sou engenheiro de trânsito ou de tráfego, mas existem fatos que saltam aos olhos dos leigos. Nessa estória, estou mais para pongar, na canção de Gérson Conrad, do grupo secos e molhados, que fez tanto sucesso, na brilhante voz, de Ney Matogrosso, quando diz, em um dos versos: “(...) sou quem dança, quem na orquestra desafina (...)”, mas “(...) das verdades à desconfiança”.
Em outra frente, a “zona” da zona azul foi criada sem discussão, tão necessária, com a população. Pergunto: houve as propaladas audiências públicas para que possibilitasse à população de discutir um dos projetos de grande intervenção em suas vidas? Outro dia, um amigo nosso quebrou a mão com raiva desses parquímetros - que visam imprimir o ticket e arrecadar fundos para a empresa que administra o sistema - pois os mesmos, mal funcionam e os motoristas acabam por ser notificados, quando estão estacionados, sem colocar o ticket no para-brisa do veículo, de modo que os fiscais percebam, vez que os parquímetros, volta e meia, estão defeituosos.
Fato inusitado e de grande incoerência, é o decreto municipal que apresentou as exigências para o morador poder colocar o seu carro na rua onde mora. Logo que foi implantada, “a zona da zona” impelia o morador a apresentar certidões negativas das fazendas: municipal, estadual e federal. Atualmente, exige-se apenas a certidão negativa de débito com a fazenda municipal, condição ridícula que, além de impor ao morador o pagamento de uma taxa no valor de 45 (quarenta e cinco) reais ao ano, pasmem! Exige do Munícipe a condição de que o mesmo esteja em dia com o erário municipal para que possa estacionar o carro na rua onde mora.
Circula nas redes sociais os valores astronômicos que a empresa que administra a “zona” está arrecadando da população, e que certamente se tornará maior em face da ampliação do número de ruas envolvidas, como já foi noticiado na imprensa regional.
Sem condições legítimas de arrecadar fundos na sua forma ordinária, através dos impostos, a prefeitura resolve encontrar soluções mais, digamos, exequíveis, uma espécie de fazer justiça com as próprias mãos, quando deixa de usar os métodos ordinários de cobrança que assistem ao poder público. Foi assim com a taxa de lixo - que estava embutida no IPTU, e agora é cobrada na conta de água; e está sendo com o cartão do morador, quando exige certidão negativa da fazenda municipal para que possa ser emitido o cartão. Como diria o Ministro Luís Roberto Barroso, do STF: “são pontos fora da curva”.
Em outra ocasião, escrevi um texto em que parafraseava a Jornalista Eliana Brum, hoje termino como comecei, com um pequeno trecho da música, nos barracos da cidade, de autoria de Gilberto Gil, quando fala: nos barracos da cidade/ Ninguém mais tem ilusão/ No poder da autoridade/ De tomar a decisão ou com o próprio, secos e molhados: “(...) da fonte do passado nada espero e tudo quero (...)” ou, ainda, com Simone de Beauvoir: É horrível assistir à agonia de uma esperança.
Edimário Alves Machado
Advogado
Foto: Suely Almeida
10 comentários
24 de Nov / 2017 às 00h03
QUE TEXTO MARAVILHOSO, SÓ RESTA AGORA O MINISTÉRIO PÚBLICO COMEÇAR A PEGAR AS MAZELAS DA PREFEITURA. QUE AS OPOSICOES CALEM SE MEDIANTE ESSE TEXTO , ASSIM SE COMBATE O CUPIM, PARA TAL ALGUMAS LIDERANÇAS VEDEM OS ELEITORES DE JUAZEIRO EM TROCA DE ACESSÓRIAS, OUTROS CRIAM GRUPOS DE WATSHAP E BLOGUES PARA VENDER SERVIÇOS, ESSA É A NOSSA OPOSIÇÃO CAPAZ DE DESTRUIR SONHOS E VI DAS USANDO PESSOAS POR TROCAS DE FAVORES. DIZEM AS MÁS LINGAS QUE QUEM CRÍTICA O GRUPO DO PREFEITO É PERSEGUIDO. CADE PF , MP ,PGR ?
24 de Nov / 2017 às 07h43
Parabéns! Texto limpo, bem concatenado e cheio de musicalidade. Denúncias carregadas de fatos e sem agressividade: muitos articulistas e os tais "comunitários" que enchem blogs e rádios com denúncias vazias e cheias de factóides deviam se espelhar nesse texto mas não o farão devido o excesso de agressividade nata e a falta de educação básica.
24 de Nov / 2017 às 07h52
chibiu esse ministério público de Juazeiro ...ele da uma ordem e a prefeitura não cumpre...
24 de Nov / 2017 às 08h41
Lindo texto com narrativas claras e verdadeiras.
24 de Nov / 2017 às 08h46
Texto muito bem feito e fundamentado nas leis, mas como diz a letra da música de Zé Geraldo “ Isso tudo acontecendo e o Ministério Público na praça dando milho aos pombos.”
24 de Nov / 2017 às 09h06
Concordo chibiu, pois nossas operações só são porque pararam de comer na mesma panela. Mas o povo ta vendo tudo.
24 de Nov / 2017 às 10h29
ESSE TEXTO É UM DESABAFO DE TODOS OS MOTORISTAS DE JUAZEIRO....PARABÉNS AO AUTOR. REALMENTE É VERGONHOSA A SITUAÇÃO DO TRANSITO DE JUAZEIRO REFERENTE A IDA E VOLTA À PETROLINA.SE NÃO BASTASSE A VERGONHOSA PONTE PICOLÉ; O PROBLEMA FOI AGRAVADO COM DEZENAS DE INÚTEIS SINALEIRAS, CUJO GRANDE OBJETIVO É ENGARRAFAR O TRÂNSITO E DEIXAR OS MOTORISTAS ESTRESSADOS......
24 de Nov / 2017 às 11h12
Edimário, você como cidadão e advogado poderia entra com ação no Ministério Público, para que essa zona azul seja revista. Como uma pessoa ligada diretamente com a Justiça, acabar com essa loucura dos prefeitos.
24 de Nov / 2017 às 19h31
Magnifico texto lançando lus nas nebulosas façanhas, nos meandros do mal,Serve para os incautos descobrirem que cavalo não sobe escada, e nem jabuti sobe em guarda roupa,
24 de Nov / 2017 às 19h32
Magnifico texto lançando lus nas nebulosas façanhas, nos meandros do mal,Serve para os incautos descobrirem que cavalo não sobe escada, e nem jabuti sobe em guarda roupa,