O jornalista britânico especializado em crime organizado Misha Glenny conta a história de Nem no livro O Dono do Morro: um homem e a batalha pelo Rio (Companhia das Letras), lançado no ano passado.
Em entrevista à BBC Brasil, ele considera que ainda há lacunas a se preencher sobre o papel que o ex-chefe do morro, preso em 2011 e atualmente em um presídio de segurança máxima em Porto Velho, Rondônia, teve no episódio. Mas diz que Nem continua sendo "extremamente influente" na Rocinha e que Danúbia vinha buscando maior protagonismo na comunidade, com uma divisão de forças entre ela e Rogério 157. O sentimento é de preocupação generalizada. As pessoas estão extremamente assustadas e apreensivas. Não sabem como a situação vai se desenrolar, mas sabem que ainda não terminou.
Está na natureza dos conflitos em favelas que, quando eles acontecem, explodem sem aviso prévio. Podem ocorrer a qualquer hora. Os períodos de disputas podem ser longos ou curtos, mas eles geralmente são sangrentos. Isso está na memória coletiva da Rocinha. E quando você tem tiroteios dentro de uma favela, as chances de danos colaterais são enormes.
E o pano de fundo é que, como todo mundo sabe, o Estado não está funcionando direito. Isso cria muita tensão para a polícia. Nas imagens de domingo, vimos que os policiais da UPP estavam se escondendo e evitando confronto.
BBC Londres Foto: BBC
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