Aniversário é sempre um acontecimento ímpar do ponto de vista sentimental. É um dia que remete à alegria, mesmo que em alguns casos traz à lembrança fatos tristes. Mas como a felicidade tende sempre a superar a tristeza, numa espécie do bem vencendo o mau, as datas costumam ser marcantes na sua totalidade, por trazer à memória fatos responsáveis por marcar positivamente um ou vários momentos da vida.
No caso do ser humano, mesmo sendo uma data que se repete todos os anos, o dia em que se comemora mais um ano vivido é motivo de festa para a maioria, principalmente para aqueles que vivem todos os dias como se fosse o último. Neste caso, em se tratando de gente, 'os janeiros' a mais não passarão despercebidos por conta do desgaste natural do corpo, mesmo com todos os recursos disponíveis na medicina plástica e na indústria dos cosméticos.
Os aniversários têm origem pagã relacionada com a magia (as velas simbolizam a ligação com o espiritual e a proteção) e com a religião, embora no caso do cristianismo este costume estivesse abolido até o século IV, quando a Igreja Católica começou a comemorar o nascimento de Jesus Cristo. Na antiga Grécia, todos os anos se homenageavam Artemis, a Deus da Caça, com bolos de mel e várias velas em cima para simbolizar a lua, que segundo a mitologia grega era a forma da Deusa se expressar. Nas sociedades primordiais as comemorações eram reservadas à elite e aos deuses. Para os egípcios e gregos as festividades eram restritas aos faraós e deuses, enquanto os romanos permitiam celebrações apenas ao imperador, à sua família e aos senadores.
Quando o aniversário é de emancipação política (quando um município, estado ou país conquista sua independência e autonomia no âmbito político), a festa, geralmente coletiva, reúne naturais e naturalizados que pulam, dançam e brincam, mesmo não sabendo, se quer, o que está se comemorando. Fanfarras animam os desfiles de estudantes e professores de escolas municipais, que às vezes participam dos cortejos por livre e espontânea pressão, alvorada com fogos de artifícios, shows musicais na Praça da Matriz ou da Feira e entregas de obras costumam marcar a passagem das datas emancipatórias municipais.
Enquanto nas pessoas as rugas entregam facilmente a idade, o progresso geralmente acusa quando uma cidade vai bem. O desenvolvimento acontece com a união de vários fatores, mas precisamente da interferência e da vontade dos poderes executivos e legislativos em proporcioná-lo. Nada se nasce grande. Quando não se alimenta o ser humano ele pode sofrer de nanismo, assim como se não investir em políticas públicas os municípios tendem a permanecer pequenos.
Por Gervásio Lima
Jornalista e historiador
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