Juazeiro, angico de caroço, catingueira, ipês roxo e amarelo. Mais de 30 mil mudas de espécies florestais nativas da Caatinga e da Mata Atlântica contribuem para recuperar áreas degradadas das regiões Agreste e Sertão do Baixo São Francisco alagoano. A ação é resultado de parceria entre a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e o Centro de Referência em Recuperação de Áreas Degradadas do Baixo São Francisco (Crad/Ufal), unidade que atua na realização de pesquisas e na capacitação de pessoal, como parte do Programa de Revitalização da Bacia do Rio São Francisco, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente.
Iniciado há seis anos, o plantio das mudas de espécies nativas tem o objetivo de contribuir para a recuperação da biodiversidade e para a melhoria da qualidade de vida e das condições de convivência com o semiárido do estado. As espécies possuem as características necessárias de resistência e de adaptação morfológica e fisiológica que garantem sua sobrevivência mesmo em períodos de secas extremas.
Entre as mudas utilizadas na ação estão ainda a craibeira, a pata de vaca e o pau ferro, além de cactáceas, como coroa de frade, mandacaru e xique-xique. Como destaque das ações do centro, foi firmada, em 2015, parceria com uma empresa de mineração – dando origem ao projeto de extensão Triunfo Ambiental, cujo objetivo é desenvolver atividades de educação ambiental e de recuperação de áreas degradadas, principalmente recompondo áreas de propriedade da própria empresa, com o plantio de espécies de plantas nativas. Entre as ações desenvolvidas no projeto destacam-se coleta e beneficiamento de sementes, preparo de substrato, educação ambiental com crianças e com a população local.
A parceria também rendeu a produção de outras 15 mil mudas para dar suporte às ações de recuperação ambiental. As espécies são semeadas no viveiro de plantas nativas da Pedreira Triunfo, localizado na vila Aparecida, zona rural de Arapiraca.
"Está na missão da Codevasf o desenvolvimento da região das bacias dos rios onde atua e a preservação desses biomas. Os centros de referência são fruto de uma parceria bem sucedida entre as universidades federais e o governo federal, que atrai outros parceiros com objetivos em comum. Toda essa ação conjunta produz frutos muito positivos para o meio ambiente e para os cidadãos", afirma Inaldo Guerra, diretor de Revitalização das Bacias Hidrográficas da Codevasf.
Modelos de recuperação
Entre as ações, o Crad/Ufal também realiza coleta de sementes e produz mudas para implantação de áreas usadas para estudo de modelos de recuperação da Caatinga. Foram implantadas áreas nos municípios alagoanos de Santana do Ipanema, Girau do Ponciano, Arapiraca e Igreja Nova.
"Além disso, foram doadas mudas para trabalhos de recuperação de áreas em outros municípios fora da bacia do rio São Francisco", ressalta o professor José Vieira, coordenador do centro. Segundo ele, o Crad/Ufal tem fornecido mudas para atividades esporádicas de educação ambiental em diferentes municípios de Alagoas e na própria universidade.
Apoio à pesquisa
O Crad/Ufal, criado em 2007 em Arapiraca (AL), é um centro de pesquisa e extensão que envolve pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e da Universidade Federal de Sergipe (UFS). "Temos produzido e difundido conhecimento, além de promover a conscientização sobre a importância da recuperação, preservação e manutenção dos recursos ambientais (flora e água, principalmente) como fonte geradora de saúde, trabalho e renda", explica o coordenador do centro.
Numa área de 1,7 hectare, no Campus Arapiraca, o centro desenvolve, desde 2010, diversos trabalhos de pesquisa com espécies vegetais nativas junto com alunos de graduação (Agronomia e Biologia) e de pós-graduação (Mestrado em Agricultura e Ambiente).
Para o desenvolvimento das atividades, foram investidos recursos da Codevasf, da Ufal e de parceiros na construção de um viveiro para plantas nativas, miniauditório ao ar livre e área de convivência para recepcionar visitantes, principalmente estudantes.
Revitalização em foco
A estruturação dos Crads objetiva promover a recuperação de áreas degradadas na bacia do rio São Francisco e proteger a diversidade biológica e os recursos naturais. Por meio do Programa de Revitalização da Bacia do Rio São Francisco, a Codevasf tem implantado os Crads em parceria com os ministérios do Meio Ambiente e da Integração Nacional e com as universidades federais de Brasília (UnB), de Lavras (Ufla-MG), do Vale do São Francisco (Univasf-PE), de Alagoas (Ufal), de Minas Gerais (UFMG/Unimontes-Janaúba/UFVJM), do Oeste da Bahia (Ufob-Barreiras) e Rural de Pernambuco (UFRPE/UAST-Serra Talhada).
A atuação dos Crads visa ao desenvolvimento de modelos de recuperação em áreas demonstrativas, à definição e documentação de procedimentos para facilitar a replicação de ações de recuperação e à promoção de cursos de capacitação de recursos humanos.
"O principal objetivo desses centros é desenvolver modelos para recuperação de áreas degradadas, promover a capacitação para a formação de recursos humanos e disseminar práticas de recuperação e desenvolvimento sustentável como produção de mudas, plantio, tratos silviculturais e capacitação, dentre outros", afirma o engenheiro florestal da Codevasf, Camilo Cavalcante de Souza.
"O apoio da Codevasf tem sido fundamental para estruturação dos centros oferecendo instalações adequadas para a produção de conhecimento e desenvolvimento dos modelos de recuperação, o que ganha relevância especial neste momento de crise hídrica", destaca.
A proposta é implantar sete centros de recuperação de áreas degradadas. Destes, cinco já foram implantados: Crad/UnB-Cerrado, em Brasília; Crad/Ufla-Transição Cerrado e Mata Atlântica, em Arcos (MG); Crad/Univasf-Caatinga, em Petrolina (PE); Crad/Ufal-Transição Caatinga e Mata Atlântica, em Arapiraca (AL); e Crad/UFMG-Mata Seca, em Janaúba (MG).
Ascom Codevasf Foto Divulgação
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