Produtores e representantes da Agência Nacional das Águas estiveram reunidos em Petrolina para discutir a viabilidade do Dia do Rio instituído pela resolução 1.043 de 19 de junho de 2017 que proíbe as captações de água na bacia do Rio São Francisco todas as quartas-feiras, até o mês de novembro, exceto para abastecimento humano ou animal. O encontro contou ainda com a presença de entidades do poder público municipal e estadual, Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), além das cidades circunvizinhas.
Preocupados com a restrição do uso da água os produtores apontaram, durante o encontro, as dificuldades que os projetos e a produção de alimentos pode sofrer devido o período de vigência da decisão. “Com a resolução, teremos muitos dias sem água em até novembro, com isso, podemos ter um colapso nas plantações provocando a perda da qualidade e produtividade para exportação”, afirmou o presidente do Instituto da Fruta, Ivan Pinto que ainda pontuou a necessidade da criação de alternativas e também destacou como inviável o aumento proposto pelo uso da água aos produtores.
Ainda sem avaliar as condições do rio São Francisco e os impactos em um futuro próximo do uso indiscriminado da água, os produtores que tinham dúvidas sobre a resolução foram apresentados ao quadro real de abastecimento. Reconhecida como a maior crise hídrica enfrentada na bacia desde que se tem registro, o Rio São Francisco opera em déficit há muitos anos. Com o prognóstico de poucas chuvas, desde 2013 uma série de medidas foi adotada a fim de evitar um cenário mais drástico. Com isso, a vazão da barragem de Sobradinho-BA que operava no mínimo estipulado de 1.300 metros cúbicos por segundo (m³/s) chegou ao atual patamar de 600 m³/s, podendo se adequar a uma nova redução que passaria a 550 m³/s (ainda em fase de avaliação).
De acordo com relatório apresentado pela ANA, caso essas medidas não fossem adotadas, Sobradinho chegaria ao volume morto em 2014. Com as resoluções adotadas ao longo dos anos, foi possível economizar aproximadamente 32 bilhões de metros cúbicos por segundo, o que possibilitou, nesse período, o mínimo de impacto ao uso da água tanto para abastecimento humano, como para o comércio, indústria e irrigação.
“Em dezembro de 2015 chegamos ao nível de 1% no volume do reservatório. Em janeiro de 2016 tivemos uma melhora devido ás chuvas e alguns pensaram ter acabado o problema, mesmo assim, continuamos poupando, pensando para além do presente. Nossa preocupação é em garantir o acesso à água a todos os usuários. Com o Dia do Rio queremos gerar uma margem adicional. Não chegamos a essa decisão com tranquilidade, mas é preciso a compreensão e mobilização por parte de todos”, afirmou o presidente da Agência Nacional de Águas, Vicente Andreu Guillo.
Para Almacks Luiz, representante do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, que tem como entendimento do colegiado o apoio ao Dia do Rio, as medidas devem ser respeitadas. “O Comitê junto com a ANA defende uma pactuação que atenda a todos. Além da restrição, entre outras alternativas, é importante ressaltar a importância e urgência no aumento do valor pago pelo consumo da água por parte dos irrigantes e indústrias, onde hoje tem empresas que pagam R$ 160 por ano pelo uso da água. Essa discussão está em vigência e é também necessária”, concluiu.
Texto e fotos: Juciana Cavalcante Ascom CBHSF
1 comentário
13 de Jul / 2017 às 05h32
www.modclima.com.br Deixem a burrocracia e pensem. Ou não tem tempo pra pensar devido a burrocraciam Enquanto isso só fazem mea culpa da politicagem frente à falta de gerenciamento da água. Não estudam a abundancia de água nas nuvens.