Diante de tantos percalços que atingem de maneira violenta todo o nosso Sistema Político, provocados por corrupção passiva e ativa de governantes, prisões de ex-ministros, deputados e ex-governadores, propinas que circulam em malas sem destino - porque ninguém nunca sabe de nada -, e não mais na cueca, que resultam na total fragilização do sistema partidário nacional, fica difícil a qualquer estudioso ou Cientista Político oferecer sugestão alternativa sobre o caminho ideal para um recomeço ou como recolocar esse nosso país nos trilhos da decência e da vergonha.
É estafante o tema, visto que é objeto de exaustiva repetição diária por toda a imprensa, mas é impossível a qualquer cidadão viver alienado da brutal realidade que o seu país atravessa. Daí é que cada um tem de fazer as suas próprias reflexões visando à superação da crise, além de estar preparado para participar das decisões na hora certa através do voto.
Dentre as situações que integram o universo de preocupações do momento atual, está o fato relevante de que o processo de alternância no poder, já constitucionalmente previsto com calendários eleitorais periódicos e específicos para cada função pública dos Poderes Executivo e Legislativo, pelo visto deixou de ser um instrumento natural e legalmente utilizado, além da interveniência do poder popular através do voto. Inversamente, consagraram a via das exceções com configurações de vários matizes, inclusive o eventual apelido de Golpe.
Obviamente que a diversidade de motivações inspiradoras de cada movimento sempre existirá, bem como os contrários sempre as questionarão. Relembrando, em 1992 o “Esquema PC Farias” provocou o afastamento de Fernando Collor, por corrupção, marcado como primeiro presidente a sofrer impeachment da história do Brasil; em 2016, Dilma Rousseff, pelas “Pedaladas Fiscais”, foi a segunda a cair, embora se determinadas delações já tivessem ocorrido à época, outros motivos teriam enriquecido o processo; apenas um ano depois, pode ocorrer, também, o afastamento de Michel Temer, acusado de corrupção passiva. Dizem que o escândalo montado pelo PC Farias envolveu a vantagem de 15 milhões de reais ao esquema...! Se comparado com o montante dos escândalos atuais, esse valor da era Collor seria considerado como uma merreca de TRÔCO!
Não tenho qualquer apreço pelo desempenho do questionado Ministro Gilmar Mendes, do STF, mas, comparando o outro “Escândalo do Mensalão”, no montante de 170 milhões de reais, com os atuais envolvendo a Petrobrás e os Frigoríficos, ele fez um desabafo irônico e disse uma grande verdade: “Agora, quando consideramos que Pedro Barusco (ex-gerente da Petrobrás) aceitou devolver 100 milhões DE DÓLARES, vemos que o mensalão se fosse julgado agora, teria que ser em juizado de pequenas causas”!
Circula com muita ênfase o conceito de que o Michel Temer tem de sair por ser um governo ilegítimo e não teve o voto popular. A sua eleição a Vice foi resultado da coligação PT/PMDB e, obviamente, milhões de votos de ambos se somaram para o sucesso da chapa e agora “não adianta chorar o leite derramado”...
Se neste país tem alguém ou algum partido responsável pelo governo que aí está, esse se chama: PT. Tanto isso é verdade que muitos foram os Ministros egressos do governo petista - e de outros partidos, inclusive do PMDB - que, simplesmente, permaneceram na nova administração e muitos a deixaram para ocupar não uma nova sala, mas uma nova cela! Triste destino deles e do país!
Em todo esse contexto político, contudo, uma coisa se torna concreta e presente em todas essas ocasiões, modificando ou dificultando qualquer prognóstico lógico quanto ao resultado final: O BALCÃO DE NEGÓCIOS! Foi assim com FHC na aprovação da reeleição; o Lula instalou o “QG da Crise” a partir de um Hotel em Brasília, durante as preliminares do impeachment da Dilma; e agora, de forma mais enfática ainda, as nomeações e os bilhões liberados em Emendas Parlamentares para fortalecer a base partidária contra um novo impeachment! E, como sempre digo aqui, são todos iguais e farinha do mesmo saco!
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).
5 comentários
10 de Jul / 2017 às 14h39
Sem sombra de dúvida, Agenor. Você simplesmente definiu o status dos políticos brasileiros. De A a Z. E também dos partidos políticos, que não possuem programas partidários, mas esquemas de manutenção do poder. E você já mostrou a porta para que esta situação termine:a alternância do poder. E aí sugiro 2 mandatos para deputados. Para acabar com o balcão de negócios.E com 100 milhões de dólares devolvidos, ainda tem gente que diz que o “lula” é inocente. Haja demagogia. FOZ DO IGUAÇU
10 de Jul / 2017 às 15h34
Grande Agenor, você foi muito feliz em mais esse tema. A ilustração é a própria imagem da honestidade e seriedade, mesclada com pessoas de bem. Esse balcão que aí está é diferente realmente do balcão de negociatas dos quais se ouve falar constantemente. Os negociantes que também se vê, jamais, podemos comparar aos negociadores do alheio, para ser educado e não dizer a palavra mais correta com todas as letras.
10 de Jul / 2017 às 17h03
Meu caro Agenor, apreciei, com muito gosto, mais uma pérola da sua produtiva lavra! (Salvador-BA).
10 de Jul / 2017 às 17h07
O BALCÃO DE NEGÓCIOS VOLTOU e o reflexo desse momento inspira muito cuidado e incerteza como se fosse um barco com uma multidão à deriva, ou perdidos em uma mata amazônica fechada, na escuridão, ou seja, no mato sem cachorro. Infelizmente a consequência é imprevisível. ESTÁ LANÇADA A SORTE... Vamos orar e pedir A DEUS ONIPOTENTE, À PADROEIRA APARECIDA suplicar para que nos seja mostrada uma saída honrosa. Somente nos resta esse apelo com FÉ EM DEUS E ESPERANÇA PARA OS TRABALHADORES HONESTOS DESTE NOSSO AMADO BRASIL. (Manaus-AM).
10 de Jul / 2017 às 19h15
Todas as vezes que estar em disputa um cargo de comando, no Brasil, é um vício de longas datas, o uso de balcão de negócios, desde a Presidência de uma Câmara Municipal, de um pequeno Município Brasileiro, aos maiores cargos de comando do País. Agora está em jogo o cargo de Presidente da República, com o atual Presidente envolvido em escândalos financeiros, precisando de voto para continuar no cargo, portanto, é de si esperar o jogo sujo de balcão de negócios, de todas maneiras nebulosas,esdrúxulas e esquisitas. Os jogadores são os Deputados Federais que compõe a Comissão do Conselho de Ética.