Roberto Malvezzi (Gogó)
O governo das grandes corporações econômicas se chama neoliberalismo. Sabíamos dessa realidade, mas hoje podemos dar claramente nome aos bois.
A classe política é apenas sua executiva e o judiciário seu guardião, embora sempre haja contradições.
No Brasil ficou clara essa realidade quando vemos as empresas financiarem as campanhas de seus candidatos, quando compram as medidas provisórias dos seus interesses, quando pagam propinas e fazem mimos aos agentes públicos também conforme seus interesses.
Essa classe política servil, corrupta e subordinada pode atender pelo nome de Eduardo Cunha, como uma figura simbólica dessa época. Claro, há uma exceção minoritária como sempre.
Nesse sentido está claro o papel da FIESP e CNI, cujo figura mais emblemática é Paulo Skaf. É o grupo empresarial brasileiro – o papel dos estrangeiros ainda está um tanto obscuro, exceto na Petrobrás e na venda de terras aos estrangeiros e na privatização dos aquíferos – que promove e impõe as reformas trabalhistas, previdenciárias, PEC do congelamento de gastos e terceirização das atividades fins do trabalho.
Está claro o papel do judiciário, sobretudo em Curitiba e no Supremo Tribunal Federal. A política clara de Sérgio Moro e Gilmar Mendes – embora haja algum atrito em torno de certas personalidades – é o rosto do judiciário brasileiro e de sua ética.
Os banqueiros, ao imporem seus juros e seus nomes para defender o interesse dos especuladores, tem em Roberto Setúbal o nome claro do governo das corporações financeiras.
Nos grupos midiáticos, embora no momento haja pequenas contradições entre Globo e Folha de São Paulo quanto a Temer, não há nenhuma contradição no cerne do golpe que é o implante da desregulamentação em todos os setores da sociedade.
Para ganhar o poder central – além do econômico e midiático que já controlam – qualquer golpe é válido. E os golpistas do país tem em Aécio, Temer e mais alguns nomes o rosto dessa realidade.
Por fim, uma certa esquerda brasileira, que ao aderir aos métodos de compra e venda de parlamentares e partidos, também não soube inventar outro caminho a não ser mergulhar na subordinação às grandes empresas para amealhar recursos. Uma boa parte dessa esquerda, além de mergulhar nos caminhos do dinheiro farto e fácil, no fundo comunga as estratégias globais do capitalismo predador, a não ser com pequenas e frágeis inclusões sociais, que são importantes, mas não tem estabilidade estrutural para permanecer por longo tempo.
Então, o Brasil está mais claro, mais transparente, em grande parte devido às novas mídias, e isso é bom. Talvez essa transparência esteja na raiz da última pesquisa Datafolha, indicando o crescimento dos "valores de esquerda" no povo brasileiro. Entretanto, não significa que o país está melhor, ao contrário, estamos com 13 milhões de desempregados, 60 mil assassinatos por ano nas cidades e o aumento desbragado da violência no campo, além da violência aberta contra as florestas, rios e seus povos. Portanto, essa transparência pode ser simplesmente o total descaramento de uma elite tradicional excludente, violenta e opressiva.
6 comentários
04 de Jul / 2017 às 11h51
"...total descaramento de uma elite tradicional excludente, violenta e opressiva" e corruPTa foi o que aconteceu nestes 13 últimos anos..
04 de Jul / 2017 às 14h52
Não vejo essa transparência. Em quem votar? Se todas as lideranças políticas do País estão em suspeição. Não sou eu que diz isso, quem diz é o Senador Cristovam Buarque.
04 de Jul / 2017 às 15h13
Com o fim do Governo Dilma Rousseff, a coisa complicou para os estudantes filhos de pobres que estavam cursando Faculdade, tiveram que deixar o curso, pelo fim dos financiamentos estudantil, nas Faculdades particulares, que foram cortados por mais da metade.
04 de Jul / 2017 às 15h23
Quando perdemos a crença na política e na gestão pública, damos margem a três situações, entre outras que se possam apontar: 1) abrimos caminho para a ditadura. O ditador não faz política. O ditador trabalha na força do arbítrio. 2) entregamos os negócio do Estado à iniciativa privada. Ora, se os políticos não merecem crédito, não se pode confiar a eles a administração da coisa pública. Neste caso, a solução seria privatizar tudo. 3) damos oportunidade para que os malandros de sempre continuem ocupando o espaço político. E assim fecham-se os caminhos para o surgimento de novos quadros.
04 de Jul / 2017 às 20h34
Falou,falou, falou em corrupcao e em nenhum momento se referiu ao PT e ao seu bandido mor.. pq??? Todos, digo, todos os políticos, em especial aos de grande expressao sao bandidos corruptos!!
05 de Jul / 2017 às 10h25
Também ta claro que o Sr. não é petista né. O que acho mais engraçado é o que os delatores falam sobre PSDB e PMDB é verdade e o que esses mesmos delatores falam sobre o PT é coisa da mídia golpista, e que Moro é que é o bandido, como diz o amigo aí no outro comentário, só posso dizer isso mesmo, "me deixe viu, me deixe".