Alertar a população, em especial trabalhadores/as do campo e da cidade, sobre o trabalho escravo moderno e chamar a atenção dos órgãos de fiscalização desse crime são os objetivos da terceira Semana de Comunicação de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo. A campanha, realizada pela Comissão Pastoral da Terra da Bahia, realizará atividades em várias cidades do estado. Só em 2016, 763 trabalhadores/as em situações análogas a de escravo foram resgatados no país, sendo 66 deles na Bahia.
Em Juazeiro, nos dias 9 e 10 acontecerão visitas em escolas nos bairros Tabuleiro e Itaberara, e nos dias 12 e 13, panfletagem no Mercado do Produtor, na feira livre e no centro da cidade. O agente da Comissão Pastoral da Terra de Juazeiro, Maikon Gonçalves, ressalta que a Semana de Comunicação tem como proposta mostrar à sociedade que o trabalho escravo não acabou com a abolição da escravatura, assinada em 13 de maio de 1888. "Hoje, a escravidão continua existindo, não de forma legal como era antigamente, mas esse é um problema grande no nosso país", destaca.
O termo "escravidão moderna" é usado para se referir a trabalhadores/as que estão em situações análogas a de escravo. A auditora fiscal do trabalho, Cynthia Carvalho, explica que o trabalho escravo moderno possui diferenças do antigo e está voltado para as relações entre os empregadores/as e empregados/as e a privação de direitos dos trabalhadores/as. "Vai desde a restrição da liberdade de locomoção à submissão a jornadas exaustivas, condições de trabalho degradantes, que põem em risco a segurança e integridade física do trabalhador, como o acesso a alimentação e água de qualidade", comenta a auditora.
Gonçalves alerta que apesar de o governo brasileiro ter reconhecido, em 1995, a existência da escravidão contemporânea, a sociedade corre o risco de ver esse crime crescer e ser legalizado. "Vários projetos que estão para ser votados no Congresso Nacional podem aumentar os índices do trabalho escravo. O projeto de mudança do conceito de trabalho escravo, a reforma trabalhista e a proposta de mudança nos direitos do trabalhador/a rural podem voltar a dar legitimidade a esse crime", diz.
Denuncie!
Fique de olho, para não virar escravo! Se você presenciar qualquer situação de trabalho análogo a de escravo, procure orientação, apoio e denuncie! Sua denúncia é fundamental. Ela pode ser realizada na Superintendência do Ministério do Trabalho, no Ministério Público do Trabalho, na Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, na Comissão Pastoral da Terra e nos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais ou de assalariados rurais.
Comunicação CPT Juazeiro
0 comentários