Mais de um milhão de alevinos de espécies nativas foram soltos em 18 ações de peixamentos realizadas no rio São Francisco somente em 2017. Na última semana, o trecho do rio localizado no município de Piumhi, em Minas Gerais, recebeu cinco mil peixes curimatã pacu. Os peixamentos fazem parte do trabalho de revitalização do rio, promovido pelo Ministério da Integração Nacional, por meio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Desde o início do projeto, em 2007, foram reproduzidos mais de 146 milhões de alevinos, sendo 66 milhões nativos para garantir a recomposição e manutenção da ictiofauna e 80 milhões não nativos, como apoio à piscicultura local.
A reprodução dos alevinos é realizada nos Centros Integrados de Recursos Pesqueiros e Aquicultura da Codevasf e está inserida no Plano Novo Chico, que tem o objetivo de aumentar a quantidade e a qualidade da água para a população e de garantir a preservação, conservação e uso sustentável do rio. A soltura constante dos alevinos nativos da bacia possibilitou que espécies antes sumidas na região, como a curimatã pioa e a matrinxã, voltassem a ser pescadas. Entre os peixes reproduzidos e utilizados nos peixamentos destacam-se também o cari, pacamã, piau, pacu e piaba.
Meio ambiente e sustento
Segundo Inaldo Guerra, diretor da Área de Revitalização das Bacias Hidrográficas da Codevasf, o trabalho tem importância ecológica, científica e socioeconômica, pois garante o sustento do pescador. "A ação é um dos trabalhos que contribui para o meio ambiente ajudando na recuperação do bioma do qual faz parte esse rio e, tão relevante quanto, ensinando às novas gerações a importância desse tipo de envolvimento. As crianças e jovens sempre participam dos peixamentos muito animadamente, e isso cria um vínculo, uma preocupação real com o futuro daquele rio", afirmou Guerra.
Os Centros Integrados de Recursos Pesqueiros e Aquicultura são considerados referência no desenvolvimento de pesquisas e tecnologias de reprodução, larvicultura e alevinagem de peixes nativos do rio. O processo de criação é diferente para cada espécie, já que elas possuem tempo de desenvolvimento distintos, desde a fase em que são larvas até se tornarem alevinos, que são os peixes jovens. Esses alevinos somente são inseridos no rio quando atingem o tamanho ideal, cerca de sete centímetros, pois antes disso ainda são considerados frágeis e ficam mais sujeitos aos predadores.
Apoio à piscicultura
Além das espécies nativas que são reproduzidas para soltura no rio, a Codevasf também apoia os piscicultores na reprodução de espécies não nativas ¿ principalmente tilápia e tambaqui-, num projeto voltado ao desenvolvimento local para fomentar a cadeia produtiva, a geração de emprego e renda e a segurança alimentar. Os alevinos e a ração são doados pelo Governo Federal aos associados, que também passam por capacitações para que consigam, sozinhos, realizar o processo de produção em viveiros e tanques redes.
Unidades integradas
Os sete Centros Integrados de Recursos Pesqueiros e Aquicultura da Codevasf estão localizados nos municípios de Três Marias e Nova Porteirinha (MG); Xique-Xique e Guanambi (BA); Petrolina (PE); Neópolis (SE) e Porto Real do Colégio (AL). As unidades também realizam pesquisas em diversas áreas ligadas ao estudo dos peixes e seu ambiente, como reprodução, nutrição e qualidade da água, proporcionando a geração de conhecimento e tecnologia na aquicultura e biologia pesqueira.
Plano Novo Chico
O Governo Federal lançou o Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco - Plano Novo Chico -, em agosto do ano passado, com o objetivo de consolidar e ampliar as ações de revitalização feitas em diversos níveis. A expectativa é de que cerca de 16,5 milhões de pessoas que vivem nos 505 municípios que compõem a bacia sejam beneficiadas, direta ou indiretamente.
O Plano, que prevê ações para os próximos dez anos (2017-2026), é executado por vários ministérios e outros órgãos federais. São cinco eixos de atuação: saneamento, controle de poluição e obras hídricas; proteção e uso de recursos naturais; economias sustentáveis; gestão e educação ambiental e planejamento e monitoramento.
Com informações da Assessoria de Comunicação da Codevasf
2 comentários
07 de May / 2017 às 02h50
Um procedimento louvável, muito peixes nativos sumiram do São Francisco, a exemplo da mantrixã, da curvina, do pocomom, surubim, pirá e etc..
07 de May / 2017 às 22h44
É, e aqui em Pilão tem uma raça de tubarão laranja... que é uma desgraça. De 4 em 4 anos eles aparecem.