O projeto público de irrigação Salitre, no Norte baiano, é o destaque da participação da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) no 29º Seminário Nacional da Cebola e 20º Seminário de Cebola do Mercosul, evento internacional que foi encerrado nesta sexta-feira (28) no auditório da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Juazeiro.
Implantado e gerido pela Codevasf, o Salitre tem área plantada de cebola estimada em mais de 550 hectares e uma produção calculada pelos técnicos, para 2017, em torno de 15 mil toneladas. A expectativa de valor bruto de produção para este ano é de R$ 50 milhões.
O projeto - considerado um dos mais modernos do país -, foi escolhido para a visita de campo dos especialistas argentinos, uruguaios e de nove estados brasileiros participantes dos eventos, que debatem a prática sustentável na produção da cebola, economia e melhoramento genético.
A programação inclui palestras e painéis sobre a produção de cebola no país e no Mercosul. Considerado um dos eventos mais relevantes do agronegócio regional e também nacional, os seminários contam com a presença de cerca de 200 participantes entre especialistas, estudantes, representantes de associações de produtores, empresários e comerciantes.
Produção, comercialização interna e externa e sustentabilidade econômica e produtiva no Mercosul estão na agenda dos seminários, que são uma realização da Associação dos Produtores de Cebola do Médio São Francisco (Aprocesf), Associação Nacional dos Produtores de Cebola (Anace) e Embrapa.
Sobre a cebola
Segundo dados da Embrapa, o Brasil é hoje o nono maior produtor de cebola do mundo. A liderança é da China, responsável por 32,7% da produção mundial. A cebolicultura brasileira é praticada principalmente por pequenos agricultores, sendo um produto de grande potencial econômico.
A cebola foi introduzida no Nordeste no final da década de 40, sendo o Vale do São Francisco região com maior número de produtores. Ela é cultivada durante o ano todo, mas é no período de janeiro a março que há a maior concentração de plantio.
O cultivo gera cerca de 70 mil empregos diretos e indiretos na região, atinge aproximadamente de 172,1 mil toneladas por ano e movimenta a economia do Vale do São Francisco em mais de R$ 500 milhões anuais.
O estado da Bahia é a quinto maior produtor nacional de cebola, com destaque para os municípios de Sento Sé, Juazeiro e Casa Nova, que juntos produzem em média mais de 60 mil toneladas por ano.
Produção familiar
Em Juazeiro, a Codevasf, por meio da 6ª superintendência regional, tem estruturado os produtores rurais familiares que cultivam cebola com kits de implementos agrícolas que facilitam a preparação do solo, o plantio, a colheita e também o transporte da produção.
Os kits são compostos de trator, carreta agrícola com capacidade de seis toneladas de carga, grade aradora e niveladora, sulcador leve e roçadeira hidráulica. Os recursos que viabilizam a ação são do Orçamento Geral da União, repassados à Codevasf por emendas parlamentares.
Somente em 2017 foram mais de 20 kits de implementos agrícolas repassados por meio da 6ª Superintendência Regional da Codevasf, além de duas retroescavadeiras. Até o final do ano, mais 80 kits agrícolas deverão equipar agricultores familiares da região que convivem com os efeitos da estiagem prolongada.
"Esta ação tem o objetivo de estruturar a produção familiar na região, através da estruturação dos produtores, para que eles possam ser mais eficientes e terem melhora nas condições de vida", afirma o superintendente regional da Codevasf em Juazeiro, Misael Neto.
"Quando vemos os resultados desta iniciativa, como os que estão sendo expostos neste encontro sobre cebola, confirmamos a importância de nosso trabalho", destacou.
Segurança hídrica
O analista em desenvolvimento regional da Codevasf, Joselito Menezes de Souza, que atua na superintendência de Juazeiro, foi convidado para falar no 29º Seminário Nacional da Cebola e 20º Seminário de Cebola do Mercosul sobre um trabalho que está desenvolvendo junto à Univasf na área de abastecimento humano em áreas rurais difusas.
Ele está realizando estudos, experimentos e ações em campo visando à utilização de um coagulante à base de um polímero natural para tratamento preliminar da água, a fim de torná-la potável.
O trabalho de Menezes integra o curso de mestrado na Univasf, e já foi apresentado em outras instituições como a própria Codevasf em Brasília e universidades e escolas da região.
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