Eu vi a Morte, a moça Caetana,
com o Manto negro, rubro e amarelo.
Vi o inocente olhar, puro e perverso,
e os dentes de Coral da desumana.
Eu vi o Estrago, o bote, o ardor cruel,
os peitos fascinantes e esquisitos.
Na mão direita, a Cobra cascavel,
e na esquerda a Coral, rubi maldito.
Na fronte, uma coroa e o Gavião.
Nas espáduas, as Asas deslumbrantes
que, rufiando nas pedras do Sertão,
pairavam sobre Urtigas causticantes,
caules de prata, espinhos estrelados
e os cachos do meu Sangue iluminado.
Os versos acima são de Ariano Suassuna. Sempre que recebo a notícia de um amigo chamado para o "Grande Sertão da Eternidade", me vem ao pensamento.
Hoje recebi a notícia da morte/desencarne/descanso do meu amigo Bartolomeu Venâncio dos Santos, meu amigo "Seu Berto". Lembrei de nossas conversas, lições, também da cachaça, nosso cigarro, sorrisos e rádio de pilha lá na Fazenda Barão.
Divido minha saudade com a viúva Dona Janina, os filhos, César, Sônia, Fátima e Mazarelo. Seu Berto era sogro do sanfoneiro e cantor Flávio Baião.
"Seu Berto foi aluno da primeira turma de agronomia da Universidade Estadual da Bahia que se formou em 1965. Ao falar da história da Universidade o ex-aluno se emocionava ao lembrar com carinho os momentos vividos em sala de aula, a luta pelo reconhecimento da Instituição e dos colegas então falecidos.
“A Faculdade ela significa tudo para mim. Eu deixava de dormir em casa para estudar com meus amigos à noite. Na época trabalhava e estudava. Vencemos. A educação nos libertou", contava Seu Berto.
Lembro da alegria dele dizendo que teve a oportunidade de visitar uma exposição de fotos antigas que aconteceu no prédio da Uneb, ao lado do primeiro ônibus da Universidade, conhecido como Belo Antônio pelas turmas de agronomia da década de 1960 e de 1970.
Lembrarei hoje quando os ponteiros anunciarem 18 horas o que diz a Escritura Sagrada: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir".
Boa Viagem meu amigo Seu Berto...Inté qualquer outra hora!
*Ney Vital-jornalista
4 comentários
04 de Apr / 2017 às 23h16
Oiá aí o eng. agrônomo mainha. Sumiu dos holofotes. Doma é o que não é ou foi. Mas se ligou e sobretudo trouxe muita coisa pra Juá por ser expertise e de reconhecimento.
04 de Apr / 2017 às 23h18
Prezado Geraldo Jose. Meus sentimentos a familia. Bartolomeu, o conhecido Berto deixou um legado de bons exemplos, o trabalho e alegria...um homem de bem.
05 de Apr / 2017 às 01h04
Parabéns pela belíssima homenagem Ney ! Seu Berto é um verdadeiro homem de bem. E deixará uma imensa saudade. Meus sentimentos a família.
05 de Apr / 2017 às 01h05
Parabéns pela belíssima homenagem Ney ! Seu Berto é um verdadeiro homem de bem. E deixará uma imensa saudade. Meus sentimentos a família.