Ilustríssimo Sr. Paulo Bomfim RJ, 13 de fevereiro de 2.017
D.D. Prefeito de Juazeiro – Bahia (Carta aberta)
Prezado Senhor:
Assisti recentemente a um belo vídeo que promove as belezas naturais dessa região, sua rica cultura e cita os nomes dos mais conhecidos filhos da terra, João Gilberto e Ivete Sangalo. – Só. – Aí eu pergunto: Onde fica o de Joaquim de Queiroz que dá nome a ruas daí e daqui do Rio de Janeiro? – Quem foi ele? – Qual a sua principal obra? – Pelo visto, ninguém sabe.
Não encontrei ninguém até hoje, mesmo no Google, que se tem como "o sabe tudo", nenhuma referência sobre ele. No meu entender, ele foi o maior poeta visionário dos últimos séculos, evidenciado quando, discretamente, ele deu vazão ao seu pensamento com a dedicação do poema "Metamorfoses" a um adolescente de sua época.
Diferentemente do "Metamorfoses" de Publio Ovídio que foca os fenômenos naturais e a vida na Terra em duas dezenas de extensos fascículos, Joaquim descreve o Universo e o funcionamento de tudo que dentro dele existe em, apenas, três sucintos tomos. No entanto, para entendê-los, carece aos leitores conhecimentos básicos de física, química e ciências naturais, mais a capacidade de observação e de interpretação dos fenômenos mais simples vistos no dia-a-dia para a compará-los com os que ocorrem no Universo, como concluo:
O "Todo Universal" é composto, unicamente, de energia magnética que, direcionadas pelas forças centrífugas e centrípetas, se transforma em luz e esta em matéria; É a trindade básica responsável pela criação e evolução de tudo que existe. Como diz ele em sua obra: "Tudo vibra e evolui, matéria e pensamento" ou: "Dos átomos aos sóis". Digo eu: As regras são as mesmas para qualquer fenômeno em qualquer parte do Universo.
Veja meu depoimento abaixo, com dados que poderão auxiliar pesquisadores interessados em comprovar a veracidade da declaração, já que é um fato centenário até então desconhecido, e de alta importância para quem deseja entender o que é a vida e de onde ela vem:
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Contava meu pai, José Francisco Rodrigues Teixeira, que, em julho de 1915 com 17 anos, quando seus colegas de classe no Ginásio Ypiranga em Salvador retornavam das férias juninas, todos contavam as bravatas vividas em suas fazendas ou nas cidades de origem. Na aula de Ciências Físicas com o professor Tostes, seu colega Eliezer Benevides, apresentou ao mesmo a transcrição de uma poesia que o balanceiro da Cia. de Navegação Bahiana em Juazeiro, lhe havia dedicado. Após a leitura da obra diante dos alunos, o professor declarou: "Obras desse quilate devem ser dedicadas aos grandes mestres da ciência; não a fedelhos como você ou professorezinhos como eu. Todos vocês copiem e guardem esta obra que, um dia, poderá ser compreendida por quem a vier ler".
Isso é o que fez meu pai durante sua vida, recitando nas oportunidades, o poema abaixo, o qual muito me influenciou na compreensão da composição de um Universo em movimento contínuo e eterno.
Atenciosamente,
Antídio Santos Pereira Teixeira
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METAMORFOSES
(Não há nada de novo debaixo do Sol).
(Máxima de Salomão)
Tudo é ressurreição na Natureza. É crível que
Tudo que é, já foi e há de ser elemento do cosmo
Do qual é parte integrante e imperdível.
Tudo é força, calor, vida e movimento.
Tudo é atração e repulsão passíveis de eternas mutações:
A flora, a fauna ou o vento,
Dos átomos aos sóis, do visível ao invisível,
Tudo vibra e evolui: matéria e pensamento.
A lei do transformismo impera no universo:
A pedra, a planta, o símio ou o homem,
Ora aqui se congregam ou ali se põem dispersos.
Polens de ouro hão de ser corimbos, incompletos pomos,
Que dão sementes que alimentam aos que comem,
Numa ânsia germinal, de dar flores e frutos.
Tudo é ressurreição na Natureza.
Eu louvo o mar que se evapora.
É nuvem, neblina e chuva que aos rios enchem e voltam ao mar de novo;
Adoro o sol que é luz, pão, sangue ou albumina.
Vem da bolota o azinho e a águia ressurge do ovo.
Ambos colossais e de origem tão pequenina.
Seja o leão na selva, ou seja, o rei de um povo,
A lei com que este governa, o outro determina.
Da crisálida inerte irrompe a borboleta;
O cadáver que tomba, em gases se transmuda,
Gases que irão ser árvores, rochas ou maretas.
O fósforo que anima o cérebro de um gênio,
Talvez já tivesse sido concha alvíssima e bojuda,
Do Báltico ou do Egeu, do Cáspio ou do Tirreno.
Tudo é ressurreição na Natureza.
É fato que a alma, a divina essência,
Existe em todo ser e nunca se extingue. É exato.
É o infinito ressurgir de tudo na existência.
Seja monera, ou larva, ou gente, ou cisne ou gato,
Deles não morrerão o instinto nem a inteligência,
Que em múltiplos vai-e-vem, mudando de formato,
Ascendem procurando o pão, o amor e a ciência.
Com mostras de virtude ou manchas de pecado,
Corpos que vão nascendo e almas que vão partindo,
Tudo marcha em busca do Eldorado.
A sofrer e a gozar num sentimento alterno,
Tudo se eleva aos céus e vai chorando ou rindo,
Bem para o infinito, para o Poder Eterno.
Joaquim de Queiroz
Juazeiro – Bahia
Julho de 1915
Dedicado a Eliezer Benevides – estudante do
Colégio Ypiranga em julho de 1915.
Preservado por José Francisco Rodrigues Teixeira, na época, colega de classe.
11 comentários
14 de Feb / 2017 às 08h23
Parabéns ao articulista pelo texto e por essa descoberta maravilhosa. eu mesmo desconhecia esse ilustre juazeirense e sua bela poesia. É, sem dúvida, um tema a ser explorado nas escolas municipais, nas casas dos conterrâneos, nas salas do poder público.
14 de Feb / 2017 às 08h28
Professor Otoniel Gondim,acabou o carnaval que tu elogiastes muito e com razao Agora acho que chegou a hora de cumprir a promessa e fazer o artigo sobre os vereadores, secretarios e o prefeito Paulo Bomfim. E sem babar, viu amigo?
14 de Feb / 2017 às 09h32
MUITO OBRIGADO, em letras maiúsculas, ao Sr. Antidio pela sábia e oportuna Lição!
14 de Feb / 2017 às 10h17
Espetacular essa (re)descoberta do poeta Joaquim de Queiroz. Um poetaço, um poemaço de remotos anos que se faz luz ao nosso conhecimento nestes tempos atuais. Um grande presente nos ofertado pelo Sr. Antídio Santos Pereira Teixeira. A partir de hoje, Joaquim de Queiroz, "o poeta das metamorfoses" passa a integrar a minha seleta lista dos grandes escribas destas terras "joazeirenses", que tem Pedro Raimundo Rego e Expedito Nascimento Filho (Expeditinho), como principais baluartes. Viva a poesia, viva Juazeiro! Evoé.
14 de Feb / 2017 às 10h50
Tio do grande poeta de Juazeiro, Raul da Rocha Queiroz, Joaquim de Queiroz nasceu em 6 de agosto de 1880, na cidade de Casa Nova, Ba. Viveu muitos anos nesse município e contribuiu, por meio do universo literário, na construção da memória e cultura histórica dessa região. Morreu em Salvador, um dia após completar 44 anos. Sua produção literária, chegou a ser publicada em revistas de Paris. Esse ilustre poeta não teve filhos, não casou, mas deixou um legado literário belíssimo, como fruto da sua passagem nestas terras ribeirinhas. Sua passagem pela vida foi curta, ficaram apenas suas poesias.
14 de Feb / 2017 às 11h12
E o prefeito vai entender? kkkkkkkkkk
14 de Feb / 2017 às 15h34
Sem dúvida um poema brilhante e uma história magnifica, felizmente chegou até nós, comprovando um fato, Juazeiro tem um potencial literário e histórico muito grande que deve ser e pode ser aproveitado, ganhei o dia.
14 de Feb / 2017 às 16h24
Que lindos versos, Juazeiro é terra e berço de grandes artistas a cada dia que passa me orgulho mais do meu povo. OTONIEL VÁ PROCURAR O QUE FAZER, DEIXA DE COMENTAR SE PASSANDO POR OUTRAS PESSOAS, TODO MUNDO SABE QUE É VOCÊ! PELO AMOOOR DE DEUS, TENHA UM SENSO DO RIDICULO, SE AME!
14 de Feb / 2017 às 17h12
Belo poema de um ilustre desconhecido de nossa Juazeiro tão bela cidade e tão maltratada pelo seus filhos!
15 de Feb / 2017 às 00h27
Valterlino Pimentel querendo ser intelectual, querendo impressionar ... hahaha copiou na íntegra o texto de Edilane Ferreira da UNEB publicado no blog Multi Ciência Online: http://multicienciaonline.blogspot.com.br/2010/02/o-poeta-joaquim-luiz-queiroz.html
04 de Jun / 2020 às 19h35
Joaquim Luiz de Queiroz foi meu tio avô, irmão de minha avó materna. Meu pai foi criado por ele e só agora depois do evento google pude saber mais sobre ele, alem das estorias que meu pai contava. Era poeta, tocava flauta e escrevia em varios jornais da Bahia. Era espirita assim como meu pai e eu. Gostaria de termais informações sobre ele, inclusive fotos, mas não encontrei. Se algum dispuser de alguma, favor publicá-las por gentileza;